Email
para Chrystiane Correa
“Explicar
uma coisa é substituir a coisa pela explicação” Braque
Você é a resposta – acrílica sobre
tela – 2,00 m x 4,00 m - - 2011
Chrystiane
Como você está?
Com muita frequência tenho visto as imagens que você me enviou e cada vez mais sinto que seus trabalhos ganham um sentido totalmente plástico. Percebo uma lógica incrível. Confesso, entretanto, que cada vez mais me afasto de qualquer discurso verbal que pois que não dá conta do que vejo.
Como você está?
Com muita frequência tenho visto as imagens que você me enviou e cada vez mais sinto que seus trabalhos ganham um sentido totalmente plástico. Percebo uma lógica incrível. Confesso, entretanto, que cada vez mais me afasto de qualquer discurso verbal que pois que não dá conta do que vejo.
Nesse quadro que anexei percebo como você cria uma
consciência de um espaço plástico. Ou melhor, quando o suporte deixa de ser um
objeto e passa a ser o suporte dessa consciência de um espaço plástico.
Portanto qualquer coisa anterior à pintura, um momento sagrado que vai
posteriormente se realizar com uma explosão de imagens, como um delírio. Em
todo caso perguntamos: um pré-fenômeno? E tudo se faz graças a seu enorme saber
o olho.
Se observarmos um barra vermelha na base inferior esquerda podemos dizer que é ela que permite esse momento anterior aos fatos pictóricos. Talvez seja melhor transcrever aqui algumas palavras de Paul Valéry retiradas de seu texto "Leonardo e os filósofos." Sem essa barra as figuras se atropelam umas às outras, pois elas não mais convivem em um espaço plástico. O caos se instala. Emas isso é também outro dado de seu trabalho.
Se observarmos um barra vermelha na base inferior esquerda podemos dizer que é ela que permite esse momento anterior aos fatos pictóricos. Talvez seja melhor transcrever aqui algumas palavras de Paul Valéry retiradas de seu texto "Leonardo e os filósofos." Sem essa barra as figuras se atropelam umas às outras, pois elas não mais convivem em um espaço plástico. O caos se instala. Emas isso é também outro dado de seu trabalho.
“O
filósofo descreve o que pensou. Um sistema de filosofia se resume numa
classificação de palavras ou numa tábua de definições. A lógica não é mais do
que a permanência dessa tábua e o modo de utilizá-la. Acostumado a isso, não
podemos deixar de conceder à linguagem articulada lugar principalíssimo no
regime de nossos espíritos. Não resta dúvida que este lugar é merecido, nem de
que essa linguagem, mesmo que formada por inumeráveis convenções, é quase nós
mesmos. Quase não podemos ‘pensar’ sem ela, nem podemos sem ela dirigir,
conservar, recuperar nosso pensamento, nem, sobretudo... prevê-lo em
certa medida.
Mas
examinemos mais de perto; olhemos dentro de nós. Apenas nosso pensamento tende
a se arredondar-se – vale dizer, a se aproximar de seu objeto, tratando de
operar sobra as coisas mesmas (na medida em que seu ato se converte em
coisa) e não já sobre signos quaisquer que excitam as ideias superfícies
das coisas –, apenas vivemos esse pensamento, sentimo-lo separar-se de toda
linguagem convencional. Por muito intimamente que esteja entrelaçada com nossa
presença e por muito densa que seja a distribuição de suas ‘probabilidades’,
por muito sensível que seja em nós essa organização adquirida e por muito
pronta que esteja a intervir, podemos com um esforço, com uma espécie de amplificação
ou uma pressão contínua, separá-la de nossa vida mental imediata.
Sentimos que nos faltam as palavras e sabemos que não há razão para que existam
as que nos respondam – quer dizer... as que nos substituam –, pois o poder das
palavras (do qual tomam sua utilidade) é trazer-nos a situações já
experimentadas, é regularizar ou instituir a repetição; e nos encontramos agora
a essa vida mental que nunca se repete.”
E há a
poesia, e esse poema de Thereza Christina Rocque da Motta.
O Fim Da
Espera
Agora
pertences à beleza anterior
à coisas.
Estás
diante
do silêncio das palavras
sem precisar dizê-las
Pertences
à manhã
mesmo
indivisa
como se existisse
antes.
Pois nada
é
possível até
o fim da espera
Abraço
Jm
Nenhum comentário:
Postar um comentário