Curiosa é a afirmação
de Duchamp quando diz que o cubismo começa com Cézanne e passa pelos fauves.
Há, sem dúvida, pintores cubistas que são mais gráficos, e que seus quadros têm
apenas duas dimensões quando o vemos de uma forma não prospectiva. Como nos adverte
Poussin, em um olhar prospectivo temos que considerar o saber do olho, as
diversas distâncias e os eixos visuais. No quadro abaixo de Braque
podemos observar rompimentos de verdes, vermelhos, amarelos,
azuis e tons claros e escuros. Portanto há um colorido e o cinza sempiterno se
manifesta, e uma atmosfera se interpõe à frente do quadro. Assim, considerando-se
a geometria fractal, tem mais de duas e
menos de três dimensões. Seguindo Poussin que faz referência às diversas
distâncias e aos eixos visuais, podemos afirmar que nesse espaço à frente do
quadro de Braque esses objetos podem ser observados em suas diversas faces.
Braque
Segue um gráfico:
O cubismo em Picasso é menos pictórico, como
mostramos em uma reprodução bem acima e nessa imagem que segue abaixo, na qual
os planos são mais modelados que modulados e as linhas de contorno são mais
visíveis. Aqui apenas queremos mostrar que Picasso está mais perto da tradição
aristotélica que prioriza a representação do volume pelo claro escuro. O espaço plástico é mais remoto que imediato.
As diversas faces são realizadas por linhas de contorno euclidianas. E há nesse
quadro de Picasso uma grande área cinza, mas esse como cor, e não o sempiterno.
Picasso
Hélio Oiticica, como escrevi acima, apontava para um
problema da PINTURA (O grifo é meu) e anunciava o fim da pintura na
qual o espaço plástico criado era o remoto. Sua obra é enorme. Entre muitas realizou,
então, os Relevos espaciais. Esses relevos aproximam-se de Aristóteles em suas
observações sobre as cores, mas em um primeiro nível de percepção predominam as
cores. Pergunto-me: não estará Hélio Oiticica criando formas cores e fazendo-as
ficarem subordinadas ao espaço da pintura sem o apoio do suporte?
Segue a imagem abaixo.
Hélio Oiticica
Desdobrando essas ideia de Hélio Oiticica temos alguns
trabalhos de Regina Vater, mas não mais observando os relevos e sim enfatizando
as cores. Deixa, assim, de ser aristotélica em relação às cores. Nesse trabalho
que segue abaixo temos um narrativo inteiramente subordinado ao plástico. Esse narrativo não é linear, é bem mais
remoto, portanto, poético.
Citemos o poeta Júlio Castañon Guimarães:
“Do escuro então lhe passou pela pele, num raspão,
algo como uma palavra remota.”
Regina Vater
Seguem diversas assemblages nas quais desenvolvo
minhas ideias relativas a uma outra teoria das cores.
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