Teoria
das cores de Aristóteles até hoje
“Fuja
de estudar com aquele que produz uma obra destinada a morrer com ele”
“Triste
discípulo é aquele que não ultrapassa seu mestre”
Leonardo
da Vinci
No livro de Manlio Brusanti, História das cores, está dito que em nossa cultura a cor está
recalcada e esse recalque mais se manifesta na contemporaneidade. Vale lembrar Diderot, que diz que em cada dez
pintores apenas um é colorista. Ou seja, para a maioria dos pintores o primado
do desenho era mais importante que o primado das cores. Vale lembrar, também,
que nesse livro acima citado o autor nem cita Cézanne, que em minha opinião não
é apenas um grande colorista, mas fundador de uma nova teoria das cores, como a
seguir veremos.
Uma história das teorias das cores é vastíssima e
neste texto citaremos alguns pintores, os
veremos como teóricos das cores em seus próprios quadros, e mostraremos como
surgiram alguns conflitos entre desenhistas e coloristas, esses decorrentes das
ideias aristotélicas. E como a teoria das cores é uma parte da teoria da
pintura, dela nos ocuparemos também.
O primeiro teórico das cores foi Aristóteles.
Para Aristóteles as cores eram propriedades dos
objetos e eram vistas quando sobre eles incidiam as luzes. Nas sombras elas não eram vistas, daí o
filósofo considerar mais importante a questão das luzes e sombras. Para
Aristóteles as cores eram supérfluas e eram quatro correspondendo aos quatro
elementos: vermelho, fogo; verde, água; azul, ar e amarelo, terra. Um filósofo
posterior a Aristóteles exclui o amarelo, argumentando que os véus das noivas
gregas eram dessa cor, portanto, femininos e, assim, o amarelo torna-se
desprezível. Uma simbologia das cores a
partir dessas ideias se instala e permanece até a Idade Média e Renascença. Em
um afresco de Giotto, Judas está com uma vestimenta amarela.
Giotto
Claro, a cor sempre foi um motivo de investigação
dos filósofos, dos gregos até hoje, mas pouquíssimos tentaram escrever uma
teoria das cores. Isso se deve ao fato de as cores serem enigmáticas e as
formas mais racionais.
Sabe-se que antes da Idade Média
alguns manuais de pintura foram escritos. As pinturas romanas, das poucas que
se conhecem, as que foram recuperadas com a erupção do Vesúvio, eram muito
sofisticadas. Estas, em relação às cores, eram decorativas, mas dentro das
ideias aristotélicas, isto é, enfatizando o claro escuro, portanto o primado do
desenho.
Pintura romana
Afresco romano
Na pintura gótica prevalece ainda o que Aristóteles
estabeleceu: o primado do desenho. Cita-se Cimabue.
Cimabue
Depois de Aristóteles outro teórico das cores pode
ser citado: Alberti. Para ele eram quatro as cores essenciais: o vermelho, o
verde, o azul e o cinza, este para as variações do claro escuro. Alberti
enfatizava a importância do relevo e de um colorido natural no qual as cores
locais eram respeitadas. Prevalecia, portanto, o primado do desenho.
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