segunda-feira, 4 de março de 2019

Teoria das cores de Aristóteles até hoje 1


Teoria das cores de Aristóteles até hoje

“Fuja de estudar com aquele que produz uma obra destinada a morrer com ele”
“Triste discípulo é aquele que não ultrapassa seu mestre”
Leonardo da Vinci

No livro de Manlio Brusanti, História das cores, está dito que em nossa cultura a cor está recalcada e esse recalque mais se manifesta na contemporaneidade.  Vale lembrar Diderot, que diz que em cada dez pintores apenas um é colorista. Ou seja, para a maioria dos pintores o primado do desenho era mais importante que o primado das cores. Vale lembrar, também, que nesse livro acima citado o autor nem cita Cézanne, que em minha opinião não é apenas um grande colorista, mas fundador de uma nova teoria das cores, como a seguir veremos. 
Uma história das teorias das cores é vastíssima e neste texto citaremos alguns pintores,  os veremos como teóricos das cores em seus próprios quadros, e mostraremos como surgiram alguns conflitos entre desenhistas e coloristas, esses decorrentes das ideias aristotélicas. E como a teoria das cores é uma parte da teoria da pintura, dela nos ocuparemos também.   
O primeiro teórico das cores foi Aristóteles.
Para Aristóteles as cores eram propriedades dos objetos e eram vistas quando sobre eles incidiam as luzes.  Nas sombras elas não eram vistas, daí o filósofo considerar mais importante a questão das luzes e sombras. Para Aristóteles as cores eram supérfluas e eram quatro correspondendo aos quatro elementos: vermelho, fogo; verde, água; azul, ar e amarelo, terra. Um filósofo posterior a Aristóteles exclui o amarelo, argumentando que os véus das noivas gregas eram dessa cor, portanto, femininos e, assim, o amarelo torna-se  desprezível. Uma simbologia das cores a partir dessas ideias se instala e permanece até a Idade Média e Renascença. Em um afresco de Giotto, Judas está com uma vestimenta amarela. 


Giotto

Claro, a cor sempre foi um motivo de investigação dos filósofos, dos gregos até hoje, mas pouquíssimos tentaram escrever uma teoria das cores. Isso se deve ao fato de as cores serem enigmáticas e as formas mais racionais.
Sabe-se que antes da Idade Média alguns manuais de pintura foram escritos. As pinturas romanas, das poucas que se conhecem, as que foram recuperadas com a erupção do Vesúvio, eram muito sofisticadas. Estas, em relação às cores, eram decorativas, mas dentro das ideias aristotélicas, isto é, enfatizando o claro escuro, portanto o primado do desenho.


 Pintura romana
 Afresco romano

Na pintura gótica prevalece ainda o que Aristóteles estabeleceu: o primado do desenho. Cita-se Cimabue.


 Cimabue


Depois de Aristóteles outro teórico das cores pode ser citado: Alberti. Para ele eram quatro as cores essenciais: o vermelho, o verde, o azul e o cinza, este para as variações do claro escuro. Alberti enfatizava a importância do relevo e de um colorido natural no qual as cores locais eram respeitadas. Prevalecia, portanto, o primado do desenho. 

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