segunda-feira, 29 de abril de 2019

Breves anotações sobre a arte conceitual e o pensamento plástico

Breves anotações sobre a arte conceitual e o pensamento plástico

Vamos considerar apenas a arte conceitual segundo Kosuth, ou seja, aquela que faz referência aos jogos de linguagem de Wittgentein. E que afirma que o conceito é o principal em uma obra de arte. Segue uma imagem de uma artista, desconheço o nome.


O conceito é verbal. Quando falamos que vamos comprar um sapato, claro, referimos a um par. Ou se falarmos em um par imaginamos que sejam iguais, mas há uma diferença: o sapato para o pé direito é diferente do para o esquerdo.
Esse quadro de Van Gogh tem uma ambiguidade. Pode ser visto como uma pintura na qual se percebe uma consciência de um espaço plástico. Ou seja, é o resultado de um pensamento plástico o qual tem sua lógica própria, portanto diferente daquela do pensamento verbal. Mas como não consideramos as coisas com valores absolutos há as diversas distâncias entre o pensamento verbal e o plástico.
Podemos aqui citar o quadro de Magritte, Isto não é um cachimbo. Em minha opinião é uma quadro cujo conceito mais se prende ao discurso verbal. Diria que esse quadro, partindo-se de um pensamento plástico poderia se intitular. Isto não é um espaço plástico.

   Van Gogh

Esse quadro foi objeto de uma rica discussão entre vários filósofos, cada qual defendendo seu ponto de vista.
Creio que podemos estar aqui também discutindo a questão do conflito entre a percepção sensível e a linguagem. Ou a questão levantada por Poussin quando diz que há duas maneiras de se ver um objeto, ou pelo seu simples aspecto, o que nos leva a nomeá-lo, ou prospectivamente que para esse pintor depende de três coisas: o saber do olho, as diversas distâncias e os eixos visuais. Um saber do olho nos leva a um pensamento plástico mais acurado.
Continuaremos este texto, agora considerando as cores concretas adjetivas, o que implica também em referenciar o serpenteamento como proposto por Leonardo da Vinci, considerando as curvaturas circulares e as concavidades angulares. Segue o desenho por mim realizado e as ideias acima descritas que me levaram a fazê-lo.
Nesse desenho há no centro as cores violeta e verde e uma faixa com seus respectivos rompimentos. Essa faixa se descola da superfície do suporte e assim passa a ter mais de duas e menos de três dimensões. Vemo-la frontalmente. As cores que deram origem a esses rompimentos continuam coladas ao suporte, portanto atrás e vistas não mais frontalmente, mas por eixos visuais laterais. Referem-se, assim, as concavidades angulares. Como seus contornos não se definem em absoluto, temos as curvaturas circulares. Do violeta partem linhas vincianas que também serpenteiam. Do lado direito constroem duas figuras, uma avermelhada e outra esverdeadas, como está em uma escala abaixo na qual se manifesta o cinza sempiterno. No lado esquerdo essas linhas vincianas constroem uma figura amarelada e acima uma escada na qual se percebe um violeta em direção a sua oposta, uma amarelado. Também se percebe a manifestação do cinza sempiterno. O desenho foi construído considerando-se o pensamento plástico e como digo, o pensamento plástico não exclui o pensamento verbal, o pintor lida com os dois.

  José Maria Dias da Cruz

O conceito de que uma cor concreta adjetiva é um par se aproxima das questões discutidas na instalação acima mostrada. Mas se falar vermelho? Não estarei afirmando que ela é um par. E como ela é concreta adjetiva, não seria mais correto falar avermelhado? Mas como nunca sabemos quando uma cor concreta adjetiva é ela mesma, pois sua condição é ser em um colorido, como ser claro? Certamente pensando plasticamente quando meu saber do olho e minha percepção bastam. Mas o problema continua, como estabelecer um diálogo? Além do mais a cor é enigmática. Nunca chegaremos a uma conclusão.
José Maria Dias da Cruz

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