quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Victor Arruda e o narrativo. T.S.Eliot, Edvard Munch, George Braque e Manuel Bandeira



Victor Arruda e o narrativo

Quanto mais o narrativo é forte, mais os valores plásticos têm que ultrapassá-lo. Temos nos trabalhos de Victor Arruda o narrativo como um grito. Mas os signos gerados por essa narrativa são ultrapassados por uma pintura vigorosa que permite o surgimento de um fato plástico.  Vale dizer, um trabalho resultante de um pensamento plástico. Surgem outros signos, outra linguagem.
Referimos-nos ao grito, e claro, vem à lembrança o quadro de Munch. Como diz Leonardo da Vinci, o discípulo tem que ultrapassar o mestre, claro, não no sentido de ser superior, mas no de criar outros caminhos.
Esse quadro de Munch é um fato plástico que nos afeta. É o quadro que grita. Com os trabalhos de Victor Arruda somos afetados pelo fato plástico de tal forma que somos nós que gritamos, ou choramos, ou nos desesperamos ou nos desencantamos, sobretudo com essa crise que se arrasta atualmente e vemos longe uma solução. Como diz T. S. Eliot: O homem não suporta tanta realidade. Chegamos ao nosso limite. Como nos aconselha Braque: O progresso em arte não consiste em ampliar seus limites, mas em melhor conhecê-los.



Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento , de desencanto
Fecha meu livro se por agora
Não tens motivo algum de pranto

Meu verso é sangue , volúpia ardente
Tristeza esparsa , remorso vão
Dói-me nas veias amargo e quente
Cai gota à gota do coração.

E nesses versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre
Deixando um acre sabor na boca

Eu faço versos como quem morre.
Qualquer forma de amor vale a pena!!
Qualquer forma de amor vale amar!

Manuel Bandeira





                                    Munch


 Victor Arruda 



 Victor Arruda

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