Victor
Arruda e o narrativo
Quanto mais o narrativo é forte, mais os valores
plásticos têm que ultrapassá-lo. Temos
nos trabalhos de Victor Arruda o narrativo como um grito. Mas os signos gerados
por essa narrativa são ultrapassados por uma pintura vigorosa que permite o
surgimento de um fato plástico. Vale
dizer, um trabalho resultante de um pensamento plástico. Surgem outros signos,
outra linguagem.
Referimos-nos
ao grito, e claro, vem à lembrança o quadro de Munch. Como diz Leonardo da
Vinci, o discípulo tem que ultrapassar o mestre, claro, não no sentido de ser superior,
mas no de criar outros caminhos.
Esse quadro de Munch é um fato plástico que nos
afeta. É o quadro que grita. Com os trabalhos de Victor Arruda somos afetados
pelo fato plástico de tal forma que somos nós que gritamos, ou choramos, ou nos
desesperamos ou nos desencantamos, sobretudo com essa crise que se arrasta
atualmente e vemos longe uma solução. Como diz T. S. Eliot: “O
homem não suporta tanta realidade.” Chegamos ao nosso limite. Como nos
aconselha Braque: “O progresso em arte não consiste em
ampliar seus limites, mas em melhor conhecê-los. ”
Desencanto
Eu faço
versos como quem chora
De desalento , de desencanto
Fecha meu livro se por agora
Não tens motivo algum de pranto
Meu verso é sangue , volúpia ardente
Tristeza esparsa , remorso vão
Dói-me nas veias amargo e quente
Cai gota à gota do coração.
E nesses versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre
Deixando um acre sabor na boca
Eu faço versos como quem morre.
Qualquer forma de amor vale a pena!!
Qualquer forma de amor vale amar!
De desalento , de desencanto
Fecha meu livro se por agora
Não tens motivo algum de pranto
Meu verso é sangue , volúpia ardente
Tristeza esparsa , remorso vão
Dói-me nas veias amargo e quente
Cai gota à gota do coração.
E nesses versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre
Deixando um acre sabor na boca
Eu faço versos como quem morre.
Qualquer forma de amor vale a pena!!
Qualquer forma de amor vale amar!
Manuel Bandeira
Munch
Victor Arruda
Victor Arruda
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