domingo, 29 de janeiro de 2017

A cor abstrata substantiva e concreta adjetiva, Espinosa e Poussin



A cor abstrata substantiva e concreta adjetiva, Espinosa e Poussin
Digo que a cor abstrata é uma ideia e que subsiste por si mesma e que a cor concreta é adjetiva, que é um par, contém em si sua oposta, que se rompe por ação dessa oposta, e cuja condição é ser no colorido. Digo mais, que o pintor lida com as duas. Acredito que com esses conceitos pelos quais descartamos a ideia de cor definida em função do espectro e também considerando só a percepção, podemos entender Cézanne quando ele afirma que a luz não existe para o pintor. Com esses conceitos de cor podemos distinguir o que seja um colorido e um desenho colorido. Ou seja, podemos entender o que seja um colorido. Este tem sua lógica própria, e não mais somente diversas cores em uma superfície seguindo um determinado princípio de harmonia.
Certamente esses conceitos podem nos levar hábitos estéticos que somente com o tempo farão algum sentido.
Assim podemos nos aproximar de Espinosa e entender Cézanne quando ele diz que na natureza tudo é colorido e que a arte é uma religião.
Para Espinosa Deus não é mais um criador, mas a própria natureza como causa de si mesma e, por consequência, um produtor. Para Espinosa, Deus (ou a natureza), tem toda a liberdade, nada o constrange. Já o homem não tem toda essa liberdade, pois o que lhe é exterior o constrange.
Considerando a epistemologia de Espinosa podemos de uma forma bem simplificada dizer que primeiro o homem percebe o objeto e em seguida usa de sua razão para a compreensão desse objeto. Mas com isso não ultrapassa o constrangimento, ou seja, não produz nem cria, e por consequência, não consegue ser livre. Para tal Espinosa nos fala de uma terceira etapa. Nesta o homem pode, por uma sabedoria adquirida, criar, e neste ato se aproximar da natureza e entender melhor a liberdade. O filósofo fala de uma criação, ou conhecimento  por intuição. Agora podemos fazer uma referência a Poussin, que se refere a uma percepção considerando o simples aspecto do objeto, e um olhar prospectivo que considera o saber do olho que é bem mais que uma simples percepção.






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