A lógica do terceiro incluído
A citação que se segue, retirada de um livro recentemente editado, pode ratificar o que vinha pensando plasticamente, muito embora, como já disse, podemos pensar a partir de outros modelos para uma compreensão das obras de arte.
Para o autor, T, no caso abaixo, é uma flecha do tempo e da informação.
“A Realidade comporta, segundo o nosso modelo, certo número de níveis. As considerações que se seguem não dependem do fato deste número ser finito ou infinito. Para a clareza terminológica da exposição vamos supor que este número seja infinito. Dois níveis adjacentes estão ligados pela lógica do terceiro incluído, no sentido de que o estado T presente num certo nível de realidade está ligada a um par de contraditórios (A, não A) do nível imediatamente vizinho. O estado T produz a unificação dos contraditórios A e não A, mas esta unificação ocorre num nível diferente daquele onde estão situados A e não A. Nesse processo o axioma da não contradição é respeitado. [...]
A lógica do terceiro incluído pode descrever a coerência entre os níveis de realidade pelo processo interativo compreendendo as seguintes etapas: 1. Um par de contraditórios (A, não A) situado num certo nível de realidade é unificado por um estado T situado num nível de realidade imediatamente vizinho; 2. Por sua vez, este estado T está ligado a um par de contraditórios
(A’, e não A’), situado em seu próprio nível; 3. O par de contraditórios (A’, e não A’) está, por sua vez, unido por um estado T’ situado num nível diferente de realidade, imediatamente vizinho daquele onde se encontra o ternário (A’, não A’, T). O processo interativo continua
indefinidamente até o esgotamento de todos os níveis de realidade conhecidos ou concebíveis.
[...]
Se afirmarmos o limite de nosso corpo e de nossos órgãos dos sentidos, a afirmação de um conhecimento humano infinito (que exclua qualquer zona de não resistência) parece-nos uma mágica linguística. A zona de não resistência corresponde ao sagrado, isto é, aquilo que
se submete a existência de um único nível de realidade elimina o sagrado, à custa da autodestruição deste mesmo nível.”
Basbarad Nicolescu em Manifesto da
Transdisciplinaridade, (Trion, São Paulo, 1999).
Para além do limite acima escrito, os autores consideram
Várias dimensões espaciais e
temporais e a testemunha
Agora vejamos o que nos diz Cézanne. Para ele, pintar é contrastar. Utiliza o recurso do rompimento do tom, que se dá no tempo e no espaço. Toma-se um quadrado com uma cor. Se observamo-la sob uma determinada luz durante 4”, a pós-imagem sobreposta à cor rompe-a levemente. Em 8” o rompimento é mais visível. Em 12” é mais visível ainda. Com uma luz mais intensa, se a observação for de 4”, a qualidade do rompimento que teremos é igual a percebida em 8” com a luz do primeiro experimento, quando era menos intensa. Assim, além dos contrastes, o rompimento se dá pela participação do observador ou da testemunha. Testemunha vem do latim, tertius, um participante que dá um sentido a um fato anulando e unificando os contrastes sem ferir o axioma da não-contradição.
Cézanne diz mais ainda: que na natureza tudo está colorido e que a harmonia geral se dá por si só, o que vale dizer que esta harmonia geral só é alcançada no momento da última e exata pincelada, quando transpostas ou realizadas no quadro através das pequenas sensações. Cézanne percebia essas pequenas sensações e procurava entender sua lógica. Assim, as flechas do tempo e da informação agem sobre os diferentes níveis de Realidade induzidos por uma estrutura aberta do conjunto destes níveis de realidade, etc.
Do Livro O cromatismo cezanneano
A citação que se segue, retirada de um livro recentemente editado, pode ratificar o que vinha pensando plasticamente, muito embora, como já disse, podemos pensar a partir de outros modelos para uma compreensão das obras de arte.
Para o autor, T, no caso abaixo, é uma flecha do tempo e da informação.
“A Realidade comporta, segundo o nosso modelo, certo número de níveis. As considerações que se seguem não dependem do fato deste número ser finito ou infinito. Para a clareza terminológica da exposição vamos supor que este número seja infinito. Dois níveis adjacentes estão ligados pela lógica do terceiro incluído, no sentido de que o estado T presente num certo nível de realidade está ligada a um par de contraditórios (A, não A) do nível imediatamente vizinho. O estado T produz a unificação dos contraditórios A e não A, mas esta unificação ocorre num nível diferente daquele onde estão situados A e não A. Nesse processo o axioma da não contradição é respeitado. [...]
A lógica do terceiro incluído pode descrever a coerência entre os níveis de realidade pelo processo interativo compreendendo as seguintes etapas: 1. Um par de contraditórios (A, não A) situado num certo nível de realidade é unificado por um estado T situado num nível de realidade imediatamente vizinho; 2. Por sua vez, este estado T está ligado a um par de contraditórios
(A’, e não A’), situado em seu próprio nível; 3. O par de contraditórios (A’, e não A’) está, por sua vez, unido por um estado T’ situado num nível diferente de realidade, imediatamente vizinho daquele onde se encontra o ternário (A’, não A’, T). O processo interativo continua
indefinidamente até o esgotamento de todos os níveis de realidade conhecidos ou concebíveis.
[...]
Se afirmarmos o limite de nosso corpo e de nossos órgãos dos sentidos, a afirmação de um conhecimento humano infinito (que exclua qualquer zona de não resistência) parece-nos uma mágica linguística. A zona de não resistência corresponde ao sagrado, isto é, aquilo que
se submete a existência de um único nível de realidade elimina o sagrado, à custa da autodestruição deste mesmo nível.”
Basbarad Nicolescu em Manifesto da
Transdisciplinaridade, (Trion, São Paulo, 1999).
Para além do limite acima escrito, os autores consideram
Várias dimensões espaciais e
temporais e a testemunha
Agora vejamos o que nos diz Cézanne. Para ele, pintar é contrastar. Utiliza o recurso do rompimento do tom, que se dá no tempo e no espaço. Toma-se um quadrado com uma cor. Se observamo-la sob uma determinada luz durante 4”, a pós-imagem sobreposta à cor rompe-a levemente. Em 8” o rompimento é mais visível. Em 12” é mais visível ainda. Com uma luz mais intensa, se a observação for de 4”, a qualidade do rompimento que teremos é igual a percebida em 8” com a luz do primeiro experimento, quando era menos intensa. Assim, além dos contrastes, o rompimento se dá pela participação do observador ou da testemunha. Testemunha vem do latim, tertius, um participante que dá um sentido a um fato anulando e unificando os contrastes sem ferir o axioma da não-contradição.
Cézanne diz mais ainda: que na natureza tudo está colorido e que a harmonia geral se dá por si só, o que vale dizer que esta harmonia geral só é alcançada no momento da última e exata pincelada, quando transpostas ou realizadas no quadro através das pequenas sensações. Cézanne percebia essas pequenas sensações e procurava entender sua lógica. Assim, as flechas do tempo e da informação agem sobre os diferentes níveis de Realidade induzidos por uma estrutura aberta do conjunto destes níveis de realidade, etc.
Do Livro O cromatismo cezanneano
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