A lógica das cores e
dos coloridos
Sêneca afirmou que em cada dez pintores apenas um é
colorista. A cor é enigmática, impossível de ser racionalizada. Já a forma é
bem racional. Isso explica o recalque das cores e dos coloridos em nossa
cultura. E os pintores coloristas, apesar deste enigma, sabem que as cores e os
coloridos têm uma lógica. Ocupo-me em meu trabalho em estudá-las e enfatizo
mais os coloridos. E sei, também, que os pintores coloristas, sobretudo na
modernidade e contemporaneidade, se ocuparam muito mais das cores do que dos
coloridos. Veja-se Albers, Itten, Delaunay,
Kandinky, Matisse e outros. Que
se tenha ocupado dos coloridos temos Klee ao pensar nos coloridos dinamicamente.
Nos meus estudos descartei um círculo cromático absoluto que classifica as
cores em primárias e secundárias e concluí que há a cor abstrata substantiva,
que subsiste por si mesma e é uma idéia platônica, e a cor concreta adjetiva,
cuja condição é ser no colorido. E me vi
em consonância com as mais avançadas descobertas da ciência, como a geometria
dos fractais, a teoria do caos, as estruturas dissipativas, algumas descobertas da biologia as quais afirmam
que a vida é um processo de que não exclui
a morte, ou seja, há um estado de entropia. Assim, fui compreendendo que
há uma lógica nas cores e nos coloridos não fazendo um trabalho que fosse
apenas ilustrações dessas teorias. Tento fazer da arte uma possibilidade de um
pensamento. E creio que é até possível pensarmos em uma geometria das cores. E
é isto que venho tentando mostrar.
José Maria Dias da Cruz
Janeiro de 2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário