VISIBILIDADE E INVISIBILIDADE
Ao rompermos um tom sua tonalidade muda em
direção a sua oposta. Mas não há como tornar visíveis o cinza sempiterno e o
serpenteamento que dele decorrem no sentido de animar o espaço plástico antes
de se tornarem fenômenos cromáticos, porque se situam nessa área de não
visibilidade. Tornam-se visíveis, e fenômenos, apenas quando se manifestarem na
natureza, mas tanto um quanto outro se nos mostram como outros níveis de
realidade. Como pós ou pré-fenômenos nos
são interditados. Isto não nos impede, entretanto, de nosso pensamento
construir a lógica que os regem e de até permitir uma figuração esquemática.
Aproximamos, assim, da lógica do terceiro incluído. Seguindo o pensamento de
Wittgenstein diremos também que essa lógica não esclarece o enigma.
Podemos
agora afirmar que a visibilidade não é permanente, mas um processo de
visibilidade e não visibilidade, uma e outra com suas lógicas próprias e
interdependentes que criam uma terceira lógica. Esta minha tomada de posição, acredito,
confirma o que penso: a teoria antecedendo a experimentação como uma
metodologia. E também permitindo outra
percepção da arte conceitual. Antes do conceito e a realização, a lógica que
rege a obra.
Para uma
compreensão do que pretendo mostrar transcrevo
aqui uma citação do Biólogo Henry Atlan retirada de seu livro, Entre o Cristal e a Fumaça, Editora
Zahar, Rio de Janeiro.
[...] a organização dos seres vivos não é estática, nem
tampouco um processo que se oponha a forças e desorganização. Mas antes um
processo de desorganização permanente seguida de reorganização, com o
aparecimento de propriedades novas, quando a desorganização pode ser suportada
e não mata o sistema. Em outras palavras, a morte do sistema faz parte da vida,
não apenas por sob a forma de uma potencialidade dialética, mas como uma parte
intrínseca de seu funcionamento e sua evolução: sem perturbações ao acaso, sem
desorganização, não há reorganização adaptativa ao novo; sem um processo de
morte controlada, não há processo de vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário