Um quadro de Silvana Jussara Szlágvi
Nesse quadro de Silvana Jussara Szlágvi
intitulado Alquimia observa-se como
são muitos os procedimentos que possibilitam uma passagem do suporte para uma consciência
de um espaço plástico. Ou melhor, aquele momento em que o suporte deixa de ser
o suporte e passa a ser o suporte da possibilidade de uma consciência de um
espaço plástico e que, por isso, não sendo ainda nenhum e nem outro, pode ser testemunhado
como um pré ou pós-fenômeno. Na ocorrência do fenômeno, quando a pintura se
materializa, os contrastes se manifestam. Não somente os contrastes de coisas -
cores e formas visíveis -, mas também o que essa visibilidade permite, através
do pensamento plástico, ou seja, de um entendimento para quem a tudo testemunha
da manifestação, entre outras coisas, do serpenteamento que anima o espaço
plástico. Para que haja um contraste tem que haver uma coisa e outra e assim
pode surgir no quadro, se bem executado, uma oscilação que dá origem ao
serpenteamento. Essa oscilação se inicia no momento no qual há a passagem do
nada (o zero?) para o todo. O serpenteamento
permite a quem testemunha esse fato pictórico ver pelos intervalos. Por
exemplo, entre as formas engendradas pelo vermelho e pelo azul, pelos claros e
escuros, pelo vermelho e seu rompimento, pelo tratamento das bordas e muito
mais.
Assim Silvana mostra, seguindo o que Leonardo
aconselha, como não matar sua pintura por uma segunda vez.
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