O cinza e o sempiterno serpenteamento.
Amanhece,
o céu se esclarece.
Armando
Freitas Filho
Começo este texto com duas citações de Paul Klee que se completam: “O pintor
torna visível.” “O crepúsculo incerto do centro.”
Um desaparecer gradativo ou não. Não há certezas. Não há como se
estabelecer um romportamento linear para
os fenômenos cromáticos. A cor é enigmática.
Ao rompermos um tom sua tonalidade vai mudando em direção de sua oposta, mas o percurso é interrompido .
Ao rompermos um tom sua tonalidade vai mudando em direção de sua oposta, mas o percurso é interrompido .
Primeiro
tem-se que entender o rompimento do tom. Segue um desenho no qual mostro como
se dá se dá. Se observarmos o tom azul fixamente surgirá sua oposta, um
amarelado. Quanto maior o tempo de observação mais acinzentado fica o rompimento.
Há um momento que o tom não mais se rompe. A pós-imagem pode permanecer na
nossa visão por um grande tempo (ver as observações de Goethe). Há, contudo, um
retorno ao azul inicial,
Portanto,
há um limite nesse rompimento, ou seja, não é possível se observar todo o
trajeto até sua oposta, muito embora podemos figurá-lo. Ou seja, um trajeto do
tom até sua oposta passando por um ponto central, o cinza sempiterno.
Azul -->Tom rompido--cinza sempiterno --tom
rompido <--Amarelo
Na observação
temos o seguinte: O trajeto de um tom até o limite de seu rompimento é visível.
Do outro lado o trajeto do amarelo alaranjado até o limite do rompimento tbm é
visível. Além de um e outro na realidade é uma zona invisível.
Az--Zona visível--Tom rompido--cinza
sempiterno--Tom rompido--zona visível-- Amarelo/
(-------Zona invisível-----)
O cinza
sempiterno sendo um ponto, não possui nenhuma dimensão, é um não lugar e um não
tempo.
Mas Cézanne
diz que somente ele reina na natureza e alcançá-lo é de uma dificuldade
espantosa. O cinza, então, se manifesta na natureza pelo fato das cores estarem
sempre se rompendo.
Nesse caso
um cinza sempierno, por contraste, ao lado do azul torna-se amarelado e ao lado
do amarelo se torna azulado. Já não podemos ver o cinza como ele mesmo.
Azul– cinza
sempiterno (amarelado) amarelo Amarelo – cinza sempiterno (azulado)
1 - Ao lado
do azul: azul--cz amarelado
2 – Ao lado
do amarelo: amarelo – cinza azulado
3 - Azul--
rompimento—cinza sempiterno--rompimento -- amarelo
Há,
portanto, uma oscilação entre o cinza amarelado e o cinza azulado, ou um
serpenteamento. Como o cinza se manifesta em toda a natureza, ele está sempre serpenteando,
e assim animando o espaço plástico. Daí ter definido as cores como abstratas
substantivas, que subsistem por si mesmo, e é uma idéia abstrata. E a cor
concreta adjetiva, que está sempre se rompendo e sua condição é ser no
colorido.
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