sábado, 16 de março de 2013

Lígia Gasparoni Mangeon



Lígia Gasparoni Mangeon



Nesse quadro da Lígia há um ponto  central forte que enfatiza a estrutura subjacente do suporte com suas diagonais, e as linhas vertical e horizontal.  Ou seja, prevalece assim uma estrutura simétrica e estática. Mas no primeiro plano de percepção temos outra estrutura nada simétrica com seus sutis deslocamentos que enfraquecem aquele ponto central. Nota-se também que em torno desse ponto central os tons se rompem e assim perdem em intensidade. Nossa percepção atém-se para as massas cromáticas em torno desse ponto e, assim, vários outros pontos se manifestam simultaneamente. Como consequência nosso olho fica vagando pelo espaço plástico engendrado pela pintura. Tudo nesse trabalho de Lígia é contraste e o mais perceptível está nas diversas tonalidades de avermelhados e azulados. A incerteza instala-se.
E há poesia. Por isso transcrevo um poema de Michael Palmer:

À febre das línguas
o metron, olho vagando
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Ao zero de ruas e de janelas
um braço na geometria
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Aos circos de redes
no primeiro rasgo
margem de uma imagem
unidades de distância
entre olho e pálpebra

Ao enxame de mensageiros
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À tempestade de poeira fina
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Aos pilares e às trilhas receptoras
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Às estradas ocultas do disco
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Ao casco de um barco falante

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