Frase de Leonardo no Tratado
da Pintura.
De como as
figuras que não expressam o pensamento estão duas vezes mortas.
Se as figuras não fazem os gestos vivos que mediante
seus braços expressem o conceito de sua mente, tais figuras estão mortas duas vezes,
pois mortas estão essencialmente, pois a pintura não é viva, senão expressão
sem vida de coisas vivas, e se não se acrescenta a vivacidade do gesto morrem
por uma segunda vez.
A flor e a cerca viva
Como pintor tentei no final da década de oitenta e início
da de noventa resolver um problema. Observei uma cerca viva e uma flor em um
sítio de um amigo. Surgiu uma posição menos contemplativa que i investigativa.
Pensei: ou pintamos a flor, e perdemos a cerca viva, ou pintamos esta e
perdemos a flor. Uma contradição, portanto. Disse, na ocasião, que o
enquadramento, como um espaço limitado, engendraria a questão. Percebi que
composição decorrente do enquadramento é m limitante. Devemos pesar em uma
secção do espaço e assim composição passa a ter outro sentido. A anulação da
contradição resolveu-se pela inclusão do fenômeno do rompimento do tom, que é a
manifestação no quadro do cinza sempiterno, que não existe, pois é um pré ou
pós-fenômeno.
Hoje posso dizer, com as novas descobertas no campo da
ciência, que esse cinza sempiterno potencializa o espaço plástico e comporta-se
como o terceiro incluído, anulando o contraste entre a flor e a cerca-viva. Ou
como o vazio-cheio da física quântica. Mas estas lógicas não invalidam a do
cinza sempiterno, assim como outras que surgirem não apagarão as verdades das
que se passaram. A totalidade do quadro ultrapassa essas análises episódicas
amparadas em descobertas científicas. Somos levados a citar o Eclesiastes.
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