O recalque da cor
Raríssimos são os pintores contemporâneos
coloristas. Muitos considerados coloristas usam em seus quadros
pouquíssimas cores, uma três ou quatro. Alguns deles com trabalhados com
intervalos mínimos o que resulta numa ausência de contrastes. Para
compensar tal pobreza, procuram uns calores táteis (pinceladas, etc.) e o
resultado é uma descompensação, nenhuma reflexão, nenhuma possibilidade
dialética.
Vale, então, um olhar atento às obras de Morandi. As
cores são rompidas, rebaixadas, ou tristes como diria o teórico
português do círculo de Miguel Ângelo, Francisco Holanda, os intervalos
mínimos, mas grandes os contrastes e os valores táteis. Leva-nos às
atmosferas que se interpõem entre o objeto e o pintor, atmosferas essas
tão perseguidas por Cézanne. Ou, como digo, ao cinza sempiterno.
Morandi
Morandi
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