domingo, 4 de outubro de 2015

Braque, Cézanne, Duchamp, Oiticica, Leonardo da Vinci e Poussin - José Maria Dias da Cruz



Um texto sem titulo

O artista não é um ego, é um eco.

“Jamais aderir” George Braque

Ao não aderir, e considerando o momento crítico no qual vivemos, o artista é marginalizado e se marginaliza. (Leia-se a Marginalidade da arte moderna de Sérgio Milliet e veja-se a obra de Hélio Oiticica).

Frase de Cézanne: “A luz não existe para o pintor, tem que ser substituída por outra coisa, a cor.” 
Devemos descartar o círculo cromático iluminista e reintroduzir a cor na arte.
Substituir um círculo cromático absoluto por diversos diagramas, considerando-se o rompimento de tom não mais como misturas pigmentares, mas como a sobreposição em uma cor de sua pós imagem. Temos assim uma dimensão temporal da cor.

Considerar a cor abstrata substantiva, que subsiste por si só, e a concreta adjetiva, que é um par, que contém em si sua oposta e sua condição é ser no colorido. Nem uma nem outra têm valores absolutos. Ou seja, temos que considerar as incertezas. 

Outra frase de Cézanne: “Entre o objeto e o pintor se interpõe um plano, a atmosfera.” O mestre nos mostra que o espaço plástico coincide com esse no qual nos orientamos. Duchamp percebeu esse novo espaço e nele colocou um objeto, sua obra, A fonte. Repensar esses objetos considerando a cor, o serpenteamento vinciano e um olhar não mais pelo simples aspecto do objeto, mas um prospectivo, como nos adverte Poussin, olhar este que considera o saber do olho, as diversas distâncias e os eixos visuais. Isso pode nos permitir uma percepção,enriquecida pelo saber do olho, além do objeto.
Quando Poussin se refere aos eixos visuais e as diversas distâncias, e se considerarmos também o rompimento do tom e a atmosfera entre o objeto e o pintor intuída por Cézanne podemos considerar uma superfície com mais de duas e menos de três dimensões. 

Uma reinterpretação da frase de Leonardo da Vinci sobre o limite de qualquer corpo na qual ele se refere às curvaturas circulares e concavidades angulares e como serpenteiam nos permite um olhar pelos intervalos, o que descarta vermos um objeto pelo simples aspecto.
Importante também é pensarmos no conflito entra e percepção sensível e a linguagem. Se considerarmos um objeto pelo seu simples aspecto logo o nomeamos, ou seja, passamos a pensá-lo racionalmente, isto é, dentro da linguagem articulada. Cézanne não se baseia em um tema, mas em um motivo e diz que na natureza tudo é colorido. Como as cores são enigmáticas, não há como racionalizá-las. Mas podemos desenvolver nosso conhecimento também pelo saber do olho, o que só é possível pelo pensamento plástico. Daí Braque afirmar que explicar uma coisa, é substituir a coisa pela explicação.


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