Troca de e-mail com Silvada Leal
Silvana
Fui a exposição no Museu de Arte de Santa Catarina. Fiquei entusiasmado com seu trabalho. Já havia gostado do que vi no m Museu Histórico como te falei. Com essa agora aumentou minha admiração. Percebi que um trabalho exposto, por exemplo, é esvaziado de tudo que é supérfluo. Nenhuma insinuação em um sentido, e noutro, outras insinuações. Ele, o trabalho, é informado por vários que estão expostos e assim ultrapassa o conceito, o narrativo e passa a ser uma metáfora com uma grande carga poética. E mais ainda, um outro espaço se faz possível. (Essa é a grande conquista da modernidade e que está sendo aprofundada na contemporaneidade – os novos espaços, e que também devem ser compartilhados pela pintura.) Sobre o trabalho refiro-me a uma peça de pano em forma de um corpo e com vários mariscos aplicados. Que beleza! Nos vídeos as ondas batendo nas rochas (ou no corpo?). Quantos poemas nos vem à lembrança! Daí pouco me servem as palavras agora. Vai um poema do Ivan Junqueira como a melhor resposta.
Fui a exposição no Museu de Arte de Santa Catarina. Fiquei entusiasmado com seu trabalho. Já havia gostado do que vi no m Museu Histórico como te falei. Com essa agora aumentou minha admiração. Percebi que um trabalho exposto, por exemplo, é esvaziado de tudo que é supérfluo. Nenhuma insinuação em um sentido, e noutro, outras insinuações. Ele, o trabalho, é informado por vários que estão expostos e assim ultrapassa o conceito, o narrativo e passa a ser uma metáfora com uma grande carga poética. E mais ainda, um outro espaço se faz possível. (Essa é a grande conquista da modernidade e que está sendo aprofundada na contemporaneidade – os novos espaços, e que também devem ser compartilhados pela pintura.) Sobre o trabalho refiro-me a uma peça de pano em forma de um corpo e com vários mariscos aplicados. Que beleza! Nos vídeos as ondas batendo nas rochas (ou no corpo?). Quantos poemas nos vem à lembrança! Daí pouco me servem as palavras agora. Vai um poema do Ivan Junqueira como a melhor resposta.
O
POLVO
No golfo um polvo hermético se move
entre algas de silêncio e solidão;
no golfo, um polvo, aquático espião,
agita seus tentáculos, remove,
sem trégua, a lama espessa que recobre
o tácito esqueleto de seu pão.
Mas não sabe a polpa nem o grão
do plasma em chamas que o molusco engole.
Sabe-se apenas que o animal se inclina,
voraz, sobre a nudez da essência pura
e nela enterra a fome de seu dente.
Sabe-se mais: que o mar se transfigura
e à tona envia um anjo incandescente
quando no golfo o polvo se ilumina.
Ivan
Junque
Olá josé Maria,
Muito
grata! Fico muito contente por suas palavras e sentidos. Você realmente sente a
minha obra. Esta exposição está impregnada com o sagrado e não tem espaço mesmo
pra o supérfluo. Ele é contaminado pela poesia do viver, pois tudo está
impregnado pela minha experiência de vida. Para dar vida a personagem molusco
habitante, iniciei o processo pelo meu nascimento. o que há de vir? É um
trabalho incrustado na minha paixão pelo mar e dos mitos que dele
extraio.
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