sábado, 8 de setembro de 2012

Andrea Facchini



Andrea Facchini

“Se poesia não há, a arte é pura fabricação”   

                                                                                    Tasso.

SOBRE SALTOS E JARDINS, Série: CAROCHINHA, Acrílica sobre linho,
115 cm x 45 cm,  2012 - Este trabalho está na Luciana Caravello Arte Contemporânea


Muito bom esse trabalho da Andrea. Merece umas palavras pela inventividade, pelas soluções plásticas e pela enorme carga poética.  Vejamos, há um forte contraste do fundo com as figuras. Estas são modeladas, o fundo é todo chapado, igual em toda a sua extensão. Deve-se notar que as figuras são todas trabalhadas em um mesmo grau de detalhe. Temos então uma superfície plana que nos permite uma consciência do espaço plástico vertical e a sensação de que estamos diante de uma abstração. Prevalece, assim, um espaço gráfico no qual as relações formais ficam em um primeiro plano de percepção, ficando o pictórico a ele subordinado. O que vale dizer, não temos nem um, nem outro, com valores absolutos.
Um tempo então se impõe e com ele se esclarece a poesia. Transcrevo agora uma citação que me foi mostrada por Milton Machado. “Devemos dizer que o primeiro não o primeiro é se não houver, depois dele, um segundo. Consequentemente, o segundo não é apenas aquilo que vem, como algo que chega com atraso, depois do primeiro, mas é o que permite ao primeiro ser um primeiro.  Assim, o primeiro não tem como ser um primeiro por sua própria potência, por seus próprios meios: o segundo deve ajudá-lo com toda a força de sua demora. É através do segundo que o primeiro é o primeiro.
A ‘segunda vez ‘ tem portanto uma certa prioridade sobre ‘a primeira vez’, pois está presente, já desde a primeira vez, como condição prévia  para a prioridade da primeira vez (sem contudo que seja ela mesma, evidentemente, uma 1primeira vez’ mais primitiva): Daí que a 1primeira vez’ é, na realidade, a terceira vez.” (Vincent Lescombes, Les même et les autres;quatente e cinq ans de phiplosophie, française 91933-1878).
Há o gráfico, e há o pictórico que chega. E com ele o sono.

José Maria Dias da Cruz                                                                                                              Florianópolis - 2012







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