Chardin – A verdade em pintura
Para Chardin o pintor tem que encontrar uma distância
perfeita em relação ao modelo. Se muito próxima se perde nos detalhes, se muito
distante se perde da pintura. Se assim procede, o pintor se aproxima da verdade em pintura. Ou
seja, o tema se subordina à própria pintura. Vale aqui uma observação: Cézanne
abandonou o tema e se interessou pelo motivo.]
Mas temos que considerar essa distância. Poussin faz
referência a um olhar prospectivo que se opões a um olhar pelo simples aspecto,
olhar prospectivo este que considera o saber do olho, que é mais que uma
percepção, as diversas distâncias e os eixos visuais. Como Poussin estudou o
Tratado da Pintura de Leonardo da Vinci (há uma edição com ilustrações feitas
pelo próprio Poussin) ele compreendeu o que são essas distâncias. Leonardo diz
q se olharmos uma página um livro impresso mantendo uma mesma distância, vemos
ou uma mancha, ou uma frase, ou uma palavra ou uma letra.
Observemos o quadro abaixo. Há uns objetos no primeiro plano
que dividem o espaço, um aquém e outro além e neste acontece o fato pictórico.
A saia, o pão a mesa, e outros detalhes são mais que uma representação se não
considerarmos a figuração do rosto da empregada. Ficam claras as pinceladas, as
cores com seus rompimentos criando uma atmosfera, etc. Já se considerarmos esse
rosto a configuração daqueles objetos se transformam.
Devemos considerar a tradição no sentido de atualizá-la e
assim tomarmos uma atitude com consciência. Além do narrativo, que nesse quadro é
riquíssimo, podemos analisar o quadro além da lógica aristotélica na medida em
que ele permite vários níveis de percepção e realidade. Refiro-me à lógica do
terceiro incluído.
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