sábado, 18 de agosto de 2012

O Cinza sempiterno


O Cinza sempiterno
Se misturarmos as cores primárias e secundárias segundo a teoria cromática a partir do espectro da luz, com todas em um mesmo valor, obteremos um cinza. Mas Cézanne se refere a um cinza que reina na natureza dificílimo de alcançar. Portanto um cinza não resultante de misturas pigmentares.  Mas podemos partir da experiência acima para didaticamente entendermos o cinza sempiterno.  Assim como esse cinza obtido por misturas pigmentares, o cinza sempiterno contém também todas as cores de um colorido. Daí podermos dizer que as cores são enigmáticas.  Pela experiência do rompimento do tom, considerado agora como a variação dele quando há nele a sobreposição da pós- imagem e assim acinzentando-o, e não por misturas pigmentares como é definido pela teoria cromática tradicional, podemos observar que quanto maior for o tempo de observação, mais um tom se rompe. Assim se observarmos os rompimentos daquelas cores primárias e secundárias veremos que todas se romperem.  Entretanto fisiologicamente não atingimos nunca o cinza sempiterno, daí Rilke ter afirmado que ele não existe.  Mas podemos logicamente afirmar que todas se dirigem para um ponto potencialmente ativo e sem nenhuma dimensão, o cinza sempiterno. Fazemos, então, uma analogia com as misturas pigmentares descrito acima. Se colocarmos ao lado desse cinza um tom avermelhado ele se tornará esverdeado; ao lado de um azulado levemente violáceo, amarelado; ao lado de um violáceo, amarelado levemente esverdeado; e assim em diante. Temos nesse caso também um exemplo de interação cromática, isto é, as cores se modificando segundo o contraste. Vários pintores coloristas afirmam que pintar é contrastar. Se colocarmos ao lado daquele cinza obtido por misturas pigmentares um tom avermelhado ele , o cinza, se tornará esverdeado; ao lado de um azulado levemente violáceo, amarelado; ao lado de um violáceo, amarelado levemente esverdeado; e assim em diante. Temos nesse caso também um exemplo de interação cromática, isto é, as cores se modificando segundo o contraste. Vários pintores coloristas afirmam que pintar é contrastar. Assim poderemos dizer que quando as cores partem do cinza sempiterno ganham cromaticidade e têm um movimento excêntrico em relação ao cinza sempiterno. Como todas as cores se rompem ininterruptamente um movimento neste caso é concêntrico.
Assim o cinza sempiterno manifesta-se na natureza como uma atmosfera que se interpõe entre o pintor e o modelo segundo Cézanne.

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