quarta-feira, 2 de maio de 2012

Multidimensionalidade dos coloridos


Multidimensionalidade das cores e dos coloridos.
Procuro estudar as cores fora de uma mentalidade quantitativa que se formou a partir do Renascimento. Hoje esta mentalidade começa a ser contestada. Hoje já não consideramos nosso mundo com valores absolutos e totalmente submissos à racionalidade. Uma inquietude me assolou e por conta dela acabei escrevendo dois livros, ambos inconclusos: A Cor e o Cinza e O Cromatismo Cezanneano.
Como é complexa a questão da cor! No modernismo dois artistas estudaram as cores com mais profundidade: Klee e Kandinsky. Na contemporaneidade, Hélio Oiticica. Mas nenhum me serviu de base. Recuei até Leonardo, Poussin, Cézanne e Braque. Mas só consegui avançar quando percebi que tinha que descartar o círculo cromático tradicional por considerá-lo muito racional, pois tinha a pretensão de explicar todos os fenômenos cromáticos da natureza.  Entendi  a inquietação de Gauguin que afirmou que as cores eram enigmáticas. Fui levado, então, a pensar nas cores abstratas substantivas e concretas adjetivas. Quando descartei o círculo cromático absoluto me senti mais capaz e, assim, redefini o rompimento do tom, criei o cinza sempiterno, decifrei o serpenteamento vinciano, etc. Agora estou enfrentando esta multidimensionalidade dos coloridos. Tive a paciência de me contentar com quadros mal resolvidos, inconclusos como os livros, pois essas descobertas só aconteceram quando não era mais jovem.
Os quadros que pintei eram pequenos. Serviram-me como suporte para a realização de minhas anotações ou para a demonstração de uma lógica nada absurda. Pensei muito mais os coloridos. Hoje vejo muitos pintores se preocuparem muito mais com a cor do que com o colorido. Pintam quadros em grandes dimensões e também procuram novos suportes. O que quero assinalar é que estes pintores são importantes na medida em que dão continuidade àquilo que o Hélio Oiticica apontou: a cor como uma questão fundamental da pintura que teria que ser resolvida. Abandonou o quadro e espacializou a pintura.
Segue obedecendo a uma ordem o que listei como as dimensões de um colorido:
1a - Largura
2a - Altura
3a - Profundidade
4a Tempo: Cronos. Kairós e Aión.
5a - A cor abstrata substantiva
6a – A cor concreta adjetiva.
7a - Os rompimentos dos tons considerando-e os contrastes.
8a - Os rompimentos dos tons considerando-se a pós imagem de cada tom.
9a - O cinza sempiterno.
10a - O cinza onipresente.
11a - O serpenteamento vinciano ou as curvaturas circulares observáveis no objeto a partir de um visão bi-ocular, ou seja, ou seja, uma percepção além da perspectiva Renascentista.
12a - O serpenteamento vinciano ou as concavidades angulares, considerando-se também a percepção bi-ocular.
Claro, ainda tenho muitas dúvidas, pois por enquanto estou preso à metodologia que me levou ao campo das especulações teóricas antecedendo às experimentações e à prática. Agora me resta a tarefa hercúlea de tentar realizar em formatos pequenos o que está neste texto exposto.

José Maria Dias da Cruz
Florianópolis - Maio de 2012


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