segunda-feira, 2 de julho de 2012

Troca de e-mails entre José Maria Dias da Cruz e Orlando Mollica








Muito bons esses seus novos trrabalhos e tabem bom o texto do Bob.

De minha pate vi quadros repletos de estórias que se enriquecem e ganham peso na medida em que são também ricos em referências da história das artes. Vc, ciente das possibilidades da pintura na contemporaneidade, enfrenta o peso da tradiçao remodelando-a no sentido de poder responder a seguinte pergunta: O que é um quadro hoje? Sim, estão claras as fontes tanto referentes ao impressionismo e pós, como aos expressionistas alemães e até mesmo o Grito de Munch, assim como estão claras as lembranças de artistas brasileiros como a nossa querida Georgina de Albuquerque com seus amarelos e azuis plenos de uma luz tropical como tambem de Martinho de Haro com seus pequenos toques duros precisos. São os valores hápticos que vc tão bem explora.

Pobre daqueles que não têm olhos para esse dois artistas. Jamais compreenderão a profundidades de seu trabalho. Tenho absoluta certeza de que isso que estou falando não é uma impressão minha, mas questões que você mesmo têm na base de seus estudos e observações. Tremo de emoção só ao pensar que este tributo a esses dois artistas que citei e outros mais que são objetos de sua preocupações dá a seus quadros um significado que te coloca em uma posição impar na história da arte brasileira contemporânea.

Impressionante como são barulhentos esses seus novos trabalhos!

Valeu Mollica, vá em frente. Estas foram as primeiras impressões. É muita coisa!

Um forte abraço do
JM







Fiquei muito emocionado com seu e-mail. Você nunca foi tão simples e direto colocando os adjetivos e os elogios sob a luz do sol.
Que bom que somos amigos! Para mim isso é um grande privilégio.
Não sei o que você acha dele, mas andei vendo mais detalhadamente alguns quadros, sobretudo as paisagens delirantes, do Manoel Santiago. Ele mostrou ser um verdadeiro amazonense e não pediu licença pra ninguém para fazer as muitas mudanças, algumas das quais temerárias em sua pintura. Falamos em Georgina e Martinho de Haro, mas não posso deixar de fazer esse destaque. 

Assim como Santiago, Georgina, Haro, de certa maneira Eliseu Visconti, mesmo Pancetti e Guignard, o Brasil se deu ao luxo de varrê-los para debaixo do tapete da história da arte do século XX para destacar a mediocridade das Tarsilas e Sacilottos da vida.

Agora piorou. Temos como artistas de proa Romero Britto e Vik Muniz, sem mencionar a grande dama da nossa pintura contemporânea, graciosa cabrocha de Paraty que está embrulhando lojas, edifícios, sacolas, embrulhos, mundo afora, e vendendo quadros acima de 1 milhão de dólares. Durma-se com um barulho desse.

Depois me conta mais do seus planos de mudança para Ouro Preto. Já combinei com o Bob e seremos os primeiros a incomodá-lo com a nossa visita.

Grande abraço do amigo emocionado,

Mollica.

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