quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

A cor na arte moderna e contemporânea

A cor, a arte moderna e contemporânea, umas breves anotações

Helio Oiticica escreveu na década de sessenta que havia um problema na pintura, a cor. Declarou então que a pintura era da pintura de cavalete estava definitivamente encerrada.

Creio q esse problema da cor na pintura pode estudado a partir dos artistas pós impressionistas, no final do século XIX.

Van Gogh e Odilon Redon, aos se referirem ao rompimento do tom, afirmara que se misturássemos um laranja e um azul puros em quantidade iguas obteríamos um cinza absolutamente incolor, Apoiavam-se no círculo cromático iluminista que pretendia racionalmente explicar todos os fenômenos cromáticos da natureza. Já Guaguin afirmou quer a cor era enigmática. E se perguntou se deveríamos pintar uma sombra azulada ou o mais azul possível. Instalam-se suas dúvidas. Sendo a cor enigmática, como racionalizá-la? Deveria usar a coa adjetivada ou pura? Já Cézanne afirma que a luz não existe para o pintor, tem que se substituída por uma outra coisa, a cor. No final de sua vida diz que não realizou e nem realizará nada que pretendia e que fora um primitivo pelas coisas novas que descobrira. Já Seurat, baseado no livro de Chevreul, pretendeu realizar uma obra ancorada em princípios científicos. Estudou a divisão do tom baseado no círculo cromático iluminista. Seurat foi seguido por Paul Signac e esse método foi classificado pela crítica como pontilhismo, que é apenas um procedimento e não uma questão teórica.

No início do século XX duas retrospectivas imprtantes são realizadas em Paris entre 1902 1904, a de Van Gogh e Gauguin. Matisse, então, inicia o movimento fauvista. Afirma que as cores devem ser puras e obedecer à emoção. Diz ainda que não quer pintar com Signac, que escolhe uma cor ou outra baseado em princípios teóricos. É seguido por Braque, Vlaminck, Derain e muitos outros pintores. Sem uma base teórica forte o fauvismo dura apenas dois anos, de 1905 a 1907. Em 1906 é realizada a retrospectiva de Cézanne. Braque dá início aos primeiros quadros cubistas e começa e usar o rompimento do tom. É seguido logo por Picasso. A crítica não percebendo toda a riqueza dos rompimentos de tons afirmam que os cubistas resumiram suas paletas aos ocres, cinzas e pretos.

Citemos então Guaguin: “Esforcei-me para provar que os pintores, em nenhum caso, precisam dos apoio e instruções dos homens de letras. Esforcei-me lutando contra todas essas resoluções que se transformas em dogmas de que desorientam não somente os pintores mas o público. Afinal, quando compreenderemos o sentido da palavra liberdade.” De minha parte creio q devemos hoje procurar fazer um discurso de dentro da pintura e não fora dela.

Continuemos, em meados do século XX tivemos alguns estudiosos das cores, Kandinsky, Klee, Albres e Itten, mas todos ainda considerando o círculo cromático iluminista. Alguns cololoristas surgiram depois, poucos, certamente pelo fato de os pintores considerarem um olhar não pelo simples aspecto, mas um prospectivo que implica em um saber do olho, como nos adverte Poussin.

Mas me parece que essa crise na pintura que eclodiu a partir da década de sessenta e os discursos sobre a morte da pintura recalcaram ainda mais a questão da cor. Claro, isso não impediu que grandes artistas com novas ideias surgissem.
De minha parte continuei fiel à cor, e nos meus estudos descartei o círculo cromático iluminista, o que me permitiu descobri o cinza sempiterno como um pré ou pós fenômeno. Redefini o rompimento do tom não mais como misturas pigmentares, mas como sobreposição no tom de sua pós imagem o que deu à cor uma dimensão temporal. Pensei nas cores abstratas substantivas, ideias platônicas nas quais a cor subsiste por si só. Pensei nas cores concretas adjetivas como um par que contém em si sua oposta e cuja condição é ser no colorido. Reinterpretei o serpenteamento vinciano. Estou imaginando a possibilidade de se pensar em uma geometria das cores. Mas assim como Cézanne, me sinto como um primitivo pelas coisas novas que descobri. Muitas ainda são as dúvidas.

José Maria Dias da Cruz, Rio, dezembro de 2013






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