quarta-feira, 28 de abril de 2021

 



FRAÇÃO DO ESPAÇO OU ONTOLOGIA DAS CORES


A arte é uma religião.”

A luz não existe ara o pintor, tem que ser substituída por outra coisa, a cor, fiquei contente comigo mesmo quando descobri isso”

Paul Cézanne


Cézanne afirmou que pinta uma fração do espaço. Disse mais ainda. Que na natureza tudo está colorido e que há uma lógica que não tem nada de absurda.


As cores em Cézanne são concretas adjetivas, se rompem, têm uma dimensão temporal. Essas permitem que o cinza sempiterno se manifeste. Digo que esse cinza é uma possibilidade de potência, não existe, mas quando se manifesta na natureza passa a existir. E também que não considero as coisas com valores absolutos.


O colorido de Cézanne, por consequência, é natural.



Abro aqui um parêntese. O físico Basbarad Nicolescu em seu livro Transdisciplinaridade discorre, entre outros assuntos, sobre a lógica do terceiro incluído. Diz ele que são vários os níveis de realidade e percepção, mas ele têm um limite. Além dele está a zona do sagrado e do enigma. Fecho o parêntese.



Agora podemos perguntar. Se Cézanne afirma que só pinta uma fração do espaço, há coloridos que nos são interditados. Creio que sim. Esses coloridos, então, nós são interditados. Estão, portanto, na zona do sagrado e do enigma.



Alguns teóricos afirmam que em nossa cultura a cor é recalcada. Penso que com o capitalismo foram criadas cores abstratas substantivas, vistosas, atraentes, no sentido de tornar os objetos vendáveis, portanto, mais lucrativos. O mesmo fez em certos lugares: os shoppings, por exemplo.



Essas cores não são naturais, mas não pertencem à natureza. Creio que os pintores, no máximo, podem criar coloridos que se aproximem desses que nos são interditados. Continuam como coloridos possíveis da natureza.



Segue um quadro de Cézanne. Mostra como ele vê a natureza.






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