sábado, 29 de agosto de 2015

O Símbolo A unidade Biológica - Ilya Prigogine



 O Símbolo
A unidade Biológica




Edmond Blatchen – Professor Prigogine. Aqueles que possuem a primeira edição de bolso dae La nouvelle aliance conhecem esse objeto; De onde ele vem? O que ele lhe dz?

Ilya Prigogine – É uma estatueta mezcala, uma civilização pré-colombiana que se desenvolveu nbo México, no atual Estado de Guerrero, na cpsta do Pacífico. Trata-se de uma civilização pouco conhecida, que floresceu num território limitado. Uma civilização neolítica, provavelmente.
Gosto muito dessa escultura porque ela representa uma interrogação, até mesmo uma certa ansiedade. Sempre me interessei pelas civilizações neolíticas, porque nessa época aparecem diferentes concepções do universo. Pense no neolítico egípcio. Seus personagens sorridentes e jovens testemunham uma confiança assegurada pela crença em deuses benevolentes e poderosos. Ora, a América do Sul e a América Central são mundos diferentes. A concepção aí reinante é a de um mundo “biológico”, no qual o movimento dos planetas e o esplendor do Sol demandam energia: é preciso alimentar os deuses; os deuses precisam do homem tanto quanto o homem dos deuses. Há uma unidade, mas é uma unidade biológica, precária que deve ser perpetuamente reanimada. Enquanto, por exemplo, para os gregos, o movimento dos astros é gratuito. Para Newton, esse movimento corresponde entre força de gravitação e força centrífuga; ao contrário, no Mpexico, trata-se de um universo inquieto. O homem moderno é também um homem inquieto. Em nossos dias, o homem é inquieto porque se encontra num período de transformações muito rápidas, especialmente do conceito de natureza, da sociedade, e de sua vida.

EB – É perturbador, porqiue parece uma estatueta contemporânea.

YP – Não é mesmo?

EB – Enquanto, se for preciso data-la, remonta-se a flecha do tempo vários milhares de anos?

YP- Provavelmente. È difícil datá-la porque não  foi achada ao mesmo tempo que objetos que podem se datar pelo carbono; portanto há divergências de opinião. Segundo alguns especialistas, ela remontaria à 2.500 a.C, ou seja, mais ou menos à época da civilização das Cíclades na Grécia.

EB – Reencontra-se aqui seu apreço pela História, que quase lhe inspirou outros estudos. Particularmente, como o senhor disse, por esse período o neolítico chinês. Falando da China, a palavra natureza não tem um sentido diferente do que tem para nós?

IP – O  ponto de vista chinês é mais cósmico ou cosmológico (1). Isso se encontra nos quadros da China dos séculos X –XVI. Grandes montanhas parecem esconder minúsculos personagens. Na arte europeia da mesma época, grandes personagens é que são valorizados por pequanas montanhas. Já na arte neolítica chinesa, você vê objetos “cosmológicos”, círculos, representações do espaço-tempo, e assim por diante.

Algumas vezes na minha vida, eu me senti bastante só. Só porque a ideia de que era preciso renovar as leis da física e introduzir aí a novidade, a criatividade, parecia quase um na´´atema na opinião de muitos cientistas, mesmo entre meus colaboradores. Então, a contemplação de obras de arte, tais como essa estatueta, me fortalecia na minha convicção.

EB – O senhor poderia ter contemplado obras de arte daqui?

IP – Hoje, a sociedade ocidental pode se expressar de muitas maneiras. Enquanto a sociedade primitiva não tinha tantos meios de se expressar. Encontra-se aí alguma coisa a mais.

EB – Aqui, encontra-se   uma ideia central em pensamento em seu pensamento, que é preciso fugir do eurocentrismo, a ideia segundo a qual a civilização séria, adulta, digna de futuro.

IP – Sim! È uma das consequências da evolução deste século. E, no fundo, no fundo, de novo, está vinculado ao  problema que discutimos, porque enquanto se pensava que com as leis se Newton e as que lhe sucederam podíamos compreender o universo, o diálogo com outras civilizações era um diálogo de professor e aluno primário. Mas, hoje, estamos tomados pelo mistério do big bang, pela aparição da vida, da Evolução. Nestas condições, estamos mais abertos às outras interpretações. A outras mitologias. A outras cosmologias.

EB – O senhir diria que essa estatueta tem um olhar já consciente do fim das certezas?

IP – Sem dúvida. Ou melhor, ela talvez exprima – é muito difícil dizer – uma dúvida sobre a permanência do mundo. Segundo a mitologia asteca, que conhecemos mlhor do que a mescala, porque aqui não dispomos de documentos escritos, houve diferentes universos. E, cada vez, houve uma catástrofe cósmoica. Surge em seguda u novo universo. Logo, não há essa permanência, não há essa estabilidade, que caracteriza a imagem cristã, a imagem ocidental...

EB - ... e a imagem judia também, pois desde o Gênesis está dito que o homem deve domonar a natureza.

IP - De fato, em toda a tradição judaica-cristã o homem tem uma posição privilegiada, o homem pode e deve dominar a natureza. Mas o domador da natureza é ele mesmo um súdito de um Deus todo-poderoso. Portanto, há uma garantia de da permanência. E são, creio, essas garantias da permanência que faltavam à civilização pré comlombiana. De qualquer maneira, tenho a impressão de que essa estátua já colocaa questões contemporâneas: a questão da natureza e da existência do homem, o do devir do homem.. e essas são questões que aainda nos colocamos. 

(1) As poucas palavras chinesas que traduzem “natureza”, “tendência”, etc. são tão ambíguas, equivocadas e polivalentes quan to para nós. Em compensação, a tradição taoísta, que impregnou todas as r3eligiões e filosofias chinesas, vê efetivamente naa natureza um conjunto cósmico harmonioso, estável, eterno. Os deuses não têm muito o que fazer aí (quando existem); o homem é insignificante, o indivíduo inexistente. É verdade que o Céu é concebido como o modelo da harmonia universal; é dele que o imperador recebe seu mandato. Se a dinastia se conduz mal, perde o mandato; o Céu (ou a natureza) derruba a  dinastia e restabelece na Terra a harmonia traída por um instante...








segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Gonçalo Ivo e a Linha Serpenteante



Gonçalo Ivo e a linha serpenteante

O colorido de Gonçalo Ivo é sustentado é sustentado pelo serpenteamento, ou melhor, pelas linhas serpenteantes. Como penso, estas se diferenciam das linhas euclidianas que são atemporais. As linhas serpenteantes são temporais.

As cores nos quadros de Gonçalo são vibrantes e em  cada extensão de um matiz é todo trabalhado com pequenas pinceladas que nos mostram suas variações mas nas passagens para outras extensões de matizes Gonçalo não utiliza semitons ou rompimentos , o que descartaria a possibilidade de consideramos seus quadros como desenho colorido, estes assim conceituados por Mondrian referindo-se a seus trabalhos com verticais e horizontais pretos, variações de brancos, vermelho, amarelo e azul.

Quando Leonardo da Vinci no Tratado da Pintura comenta sobre os limites de cada corpo nos fala das curvaturas circulares e concavidades angulares considerando uma visão bi ocular quer nos dizer que nas primeiras refere-se ao objeto em si, e nas concavidades angulares refere-se ao objeto no espaço, com profundidade. (Ver. Fig. a)


 
Fig a.
Com esses procedimentos, as linhas serpenteantes, afirmamos que Gonçalo anima o espaço plástico cromático. (Ver fig. b)