sexta-feira, 24 de abril de 2015

José Maria Dias da Cruz - Moldura e antimoldura - Natureza morta com as quatro cores simples, rompimento de tons, o cinza sempiterno e o serpenteamento



Moldura e antimoldura

Com Alberti, o espaço plástico acontecia no plano do suporte até um ponto além dele. Como uma pirâmide e o vértice, é esse ponto além. Representava-se o espaço remoto, e a moldura servia para separar o espaço remoto do imediato. Leonardo, pelo serpenteamento, ou seja, por seus estudos dos limites dos corpos a partir de uma visão biocular, passou a representar o espaço imediato, mas o espaço plástico continuou ocorrendo além do plano do suporte, conforme preconizado por Alberti. Cézanne, pelos rompimentos dos tons e do cinza, afirma que somente ele reina. E afirma mais ainda, que entre o objeto e o pintor se interpõe um plano, a atmosfera. Faz assim coincidir o espaço remoto com o imediato. Portanto a moldura começa a ser dispensada. Podemos até indagar: não terá Duchamp, por um espírito de época, colocado a sua fonte nesse espaço intuído por Cézanne? Alguns artistas, e Mondrian é o melhor exemplo, aboliram a moldura, substituindo o quadro janela pelo quadro objeto, esse ocorrendo no espaço imediato, mas o espaço plástico coincidindo com o plano do suporte. Hélio Oiticica, com seus relevos, coloca o espaço plástico no espaço imediato.

Nessa minha natureza morta que ilustra este texto, representei uma moldura que poderia ter me levado ao quadro janela, enfatizando o plano pictórico como o fez Caravaggio em uma natureza morta (ver imagem). Pelas cores simples, pelos rompimentos, o cinza sempiterno e o serpenteamento pensado além dos limites dos corpos procurei fazer coincidir simultaneamente o espaço remoto, o imediato, o quadro objeto e o quadro janela. 

 Natureza morta com as quatro cores simples, os rompimentos dos tons, o cinze sempiterni e o serpenteamento.

Caravaggio

quarta-feira, 8 de abril de 2015

"Harmonias de desarmonias" - o/s/t - 50 x 60 cm - 2015


José Maria Dias da Cruz - "Harmonias de desarmonias" - o/s/t - 50 x 60 cm - 2015


Comentário de Ricardo Ricardo Simoes
Olha, fiquei olhando esse quadro e pensei que difícil sustentar aquele rosa alí, cor de maravilha! Depois pensei que o preto e branco, ou cinza e branco, era mais difícil ainda.. E aqueles azúis sem qualquer apelo de leitura figurativa, seguros alí embaixo.. Parabéns, como sempre! E isso é apenas uma pequena visão..
"Harmonias de desarmonias" - o/s/t - 50 x 60 cm - 2015