quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Guilherme Bueno - email

Oi Zé, tudo bem?
concordo com seu ex-aluno. Seria uma boa ver o quadro ao vivo, sobretudo quando o penso com os trabalhos que vi no seu ateliê com o surgimento das cores "desconstrutivas" (isto é, aquelas que emergem justamente pelo exame de suas partículas - talvez precise explicar-me mais cuidadosamente depois). Engraçado você batizar o nome do arquivo de "quadro sem-vergonha", acho que, por trás do humor revela uma afetividade tão íntima, tão cúmplice da pintura...
Quanto a sua pergunta, confeso que eu não sei responder (e acho que nem é o caso), mas talvez me permita um chute. Será que, uma geometria das cores não é apenas um indício de uma outra perspectiva (nos vários sentidos da palavra) que possa estar se anunciando? Dizendo isso em outras palavras, talvez o que comece a aparecer é uma outra possibilidade de refletir sobre elas que ultrapassa a fronteira da geometria para refletir sobre uma espacialidade em um mundo a um só tempo (e paradoxalmente) cada vez mais  físico e virtual. Já que tocamos em Cézanne, mas também Seurat, e, pensando no seu espaço, coloco a seguinte questão: como é ser envolvido fisica e corporalmente pelo azul do céu? Dito de outro modo, como somos envelopados pela cor, sentimo-la corporalmente mesmo que seja tão fluida? Desconfio que é esta dúvida que emerge quando você explora esta monadologia das cores.
Continuemos a conversa! Curioso que desta vez meu atraso foi por pensar desde seu e-mail sobre quantas coisas o seu "quadrinho sem-vergonha" traz!
ciao,
GB

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