Assemblage O cinza e o cinza sempiterno
2023
Aquarela de Cézanne
Visão binocular e o serpenteamento vinciano
Se fixarmo o ponto x, e colocarmos um anteparo mas com o
olhar fixado no ponto x, as seguintes disposições podem ocorrer.
1 – l l x l l -
Veremos os dois anteparos e no centro o ponto.
2 – x l l x - Os
dois pontos e no centro o anteparo.
3 – lxl - O anteparo
transparente permitindo ver o ponto.
Na aquarela de Cézanne podemos observar que o tronco da
árvore ao centro se desdobra em dois e, assim, podemos ver o ponto que está
atrás com nosso olhar semprte fixando-o.
Os filósofos, físicos, e alguns artistas afirmam que são
opacos, não transparentes. Mas considerando a terceira hipótese e o branco e o
preto como cores, tornam-se transparente. Comportam-se como as demais cores se
opacas.
FRAÇÃO DO ESPAÇO OU ONTOLOGIA DAS CORES
“A arte é uma religião.”
“A luz não existe ara o pintor, tem que ser substituída por outra coisa, a cor, fiquei contente comigo mesmo quando descobri isso”
Paul Cézanne
Cézanne afirmou que pinta uma fração do espaço. Disse mais ainda. Que na natureza tudo está colorido e que há uma lógica que não tem nada de absurda.
As cores em Cézanne são concretas adjetivas, se rompem, têm uma dimensão temporal. Essas permitem que o cinza sempiterno se manifeste. Digo que esse cinza é uma possibilidade de potência, não existe, mas quando se manifesta na natureza passa a existir. E também que não considero as coisas com valores absolutos.
O colorido de Cézanne, por consequência, é natural.
Abro aqui um parêntese. O físico Basbarad Nicolescu em seu livro Transdisciplinaridade discorre, entre outros assuntos, sobre a lógica do terceiro incluído. Diz ele que são vários os níveis de realidade e percepção, mas ele têm um limite. Além dele está a zona do sagrado e do enigma. Fecho o parêntese.
Agora podemos perguntar. Se Cézanne afirma que só pinta uma fração do espaço, há coloridos que nos são interditados. Creio que sim. Esses coloridos, então, nós são interditados. Estão, portanto, na zona do sagrado e do enigma.
Alguns teóricos afirmam que em nossa cultura a cor é recalcada. Penso que com o capitalismo foram criadas cores abstratas substantivas, vistosas, atraentes, no sentido de tornar os objetos vendáveis, portanto, mais lucrativos. O mesmo fez em certos lugares: os shoppings, por exemplo.
Essas cores não são naturais, mas não pertencem à natureza. Creio que os pintores, no máximo, podem criar coloridos que se aproximem desses que nos são interditados. Continuam como coloridos possíveis da natureza.
Segue um quadro de Cézanne. Mostra como ele vê a natureza.
Das cores e coloridos
Digo que no gráfico as cores ficam subordinadas às formas,
desde quase a ausência das cores, até uma maior presença. Já no pictórico as
formas ficam subordinadas ás cores, quase como uma ausência das formas até uma
maior presença. Mas considero o gráfico e o pictórico não com valores
absolutos.
Quando descartei o círculo cromático iluminista pensei nas
cores abstratas e nas concretas. As cores abstratas são substantivas, subsistem
por si só, são cores de lembrança, portanto atemporais. As cores concretas
adjetivas são um par, contém em si suas respectivas opostas, se rompem quado
sobre elas se sobrepõem suas respectivas pós-imagens e sua condição é ser nos
coloridos. Também não considero as cores abstratas e concretas em termos absolutos.
O pintor lida tanto com o gráfico e o pictórico, e com as
cores abstratas e concretas simultaneamente.
Leonado da Vinci afirmou que eram seus as cores simples, o
branco, o amarelo, o verde, o azul, o vermelho e o preto nessa ordem, portanto
construiu uma escala cromática. Leonardo da Vinci fez uma ressalva. Apesar dos
filósofos consideram o branco a presença de todas as cores e o preto, a
ausência delas, ele, como pintor teria de considerar o branco e o preto como
cores. Portanto, o branco e o preto seriam passagem dos claros para os escuros,
ou para as sombras para as luzes. . Temos, assim, passagens menos cromáticas e
as outras quatro mais cromáticas. Se pensarmos plasticamente, longe do
automatismo verbal, podemos realizar uma infinidade de escalas cromáticas.
Teremos os claros e escuros e os pares azulados e amarelados, e esverdeados e
avermelhados, vale dizer, as cores e suas opostas.
Por ter descartado o círculo iluminista, pude repensar no
rompimento do tom não mais como misturas pigmentares. Digo, se considero a cor
concreta adjetiva, um tom se rompe quando sua pós-imagem se sobrepões no tom.
Se é uma pós-imagem ou imagem posterior, evidentemente, ela em si é uma ideia
de tempo. Portanto as cores concretas adjetivas têm uma dimensão temporal. Já
as abstratas substantivas são atemporais na medida que subsistem por si mesmas.
Quando temos uma cor e seus rompimentos, que têm um limite,
todos no mesmo valor, mas evidente será sua dimensão temporal e sua modulação.
Já quado um tom se rompe em direção de sua oposta ou
clareando, ou escurecendo, ela pode se tornar mais gráfica, portanto mais
modelada na medida em que vai prevalecer as cores subordinadas ao claro escuro.
Portanto mais modeladas.
Mas se considerarmos as passagens sombra luz perceberemos
uma modulação. Como exemplo segue um quadro do pintor Kanstantitinovich
Aivazalovisky, pintado no século XIX.
Cézanne diz que um quadro é uma lição. Se refere a um cinza
que está na natureza dificílimo de alcançar. Digo q esse é o cinza sempiterno.
É um não espaçom um não tempo. Quando se manifesta é um pré ou pós fenômeno.
Nesse quadro abaixo certamente o pintor não distinguia a cor
abstrata da substantiva. E o espaço plástico ainda é o remoto. Mas certamente é
uma lição.