Física
Quântica
... para os esotéricos, místicos etc.
(Parte 3)
... para os esotéricos, místicos etc.
(Parte 3)
O quantum
de luz
O
caráter corpuscular da luz
Vimos que os elétrons e outras partículas atômicas têm propriedades ondulatórias. Feixes de partículas às vezes comportam-se como se fossem ondas. Vimos que essa propriedade é a base do comportamento quântico dos átomos. No desenvolvimento da pesquisa, verificou-se que essa dualidade não é restrita às partículas. As ondas de luz também se comportam às vezes como se fossem partículas.
Vimos que os elétrons e outras partículas atômicas têm propriedades ondulatórias. Feixes de partículas às vezes comportam-se como se fossem ondas. Vimos que essa propriedade é a base do comportamento quântico dos átomos. No desenvolvimento da pesquisa, verificou-se que essa dualidade não é restrita às partículas. As ondas de luz também se comportam às vezes como se fossem partículas.
Todas as observações a
respeito da propagação da luz indicam que a luz é uma
onda contínua de campos eletromagnéticos oscilantes.
Mas, quando foram estudados os efeitos da luz sobre a
matéria, observaram-se alguns fenômenos inesperados que,
aparentemente, contradiziam a
idéia de um fluxo contínuo
de luz. O que acontece quando a
luz incide sobre a matéria?
Se o objeto é transparente, como um vidro de janela, a luz é parcialmente refletida e parcialmente transmitida. Se o objeto é opaco, como um pedaço de carvão, ou parcialmente transparente, como um vidro colorido, uma parte da luz não é refletida nem transmitida. Ela desaparece dentro do objeto. Como a luz é uma forma de energia, ela só pode desaparecer se, de alguma maneira, entregar sua energia à matéria. Esse desaparecimento é chamado absorção da luz.
Se o objeto é transparente, como um vidro de janela, a luz é parcialmente refletida e parcialmente transmitida. Se o objeto é opaco, como um pedaço de carvão, ou parcialmente transparente, como um vidro colorido, uma parte da luz não é refletida nem transmitida. Ela desaparece dentro do objeto. Como a luz é uma forma de energia, ela só pode desaparecer se, de alguma maneira, entregar sua energia à matéria. Esse desaparecimento é chamado absorção da luz.
A energia da luz absorvida
tem que aparecer de alguma outra maneira. Sentimos calor
quando a luz do Sol é absorvida por nossa pele. Quando a
luz é absorvida por alguns metais, sua energia é muitas
vezes transferida aos elétrons que, então, adquirem
tanta energia que saltam do metal. Esse salto é chamado
efeito fotoelétrico, e tem
utilidade prática quando desejamos transformar pulsos
luminosos em pulsos elétricos. Todos sabemos que esse
efeito é o que conferiu o Nobel a Albert Einstein.
E possível medir com grande
precisão a energia transferida à matéria quando a luz é
absorvida. Essas medidas tiveram o mais inesperado dos
resultados: a energia luminosa só pode ser absorvida em
unidades definidas de determinado tamanho; nunca pode
ser absorvida uma fração dessas unidades.
Se compararmos energia com dinheiro, poderemos dizer que um feixe de luz transmite sua energia à matéria somente em 'reais', nunca em trocados. As unidades são chamadas “quanta” de luz, ou “fótons”.
No que diz respeito ao efeito da luz sobre a matéria, podemos comparar um feixe de luz com uma rajada de projéteis. Cada projétil está cheio da mesma quantidade de explosivo. Toda vez que um projétil atinge um objeto, ele causa um efeito cuja energia é determinada pela quantidade de explosivo. Luz mais forte significa maior número de explosões da mesma grandeza, e não explosões mais fortes.
Se compararmos energia com dinheiro, poderemos dizer que um feixe de luz transmite sua energia à matéria somente em 'reais', nunca em trocados. As unidades são chamadas “quanta” de luz, ou “fótons”.
No que diz respeito ao efeito da luz sobre a matéria, podemos comparar um feixe de luz com uma rajada de projéteis. Cada projétil está cheio da mesma quantidade de explosivo. Toda vez que um projétil atinge um objeto, ele causa um efeito cuja energia é determinada pela quantidade de explosivo. Luz mais forte significa maior número de explosões da mesma grandeza, e não explosões mais fortes.
No efeito fotoelétrico, cada
quantum de luz que atinge o metal força um elétron a
saltar do metal. A energia do elétron que salta é uma
medida do tamanho do quantum de luz (mede a quantidade
de explosivo de cada projétil). O número de elétrons que
saltam mede a intensidade do feixe de luz.
A quantidade de energia de
um quantum de luz depende do tipo de luz em questão. É
diferente para luz de diferentes comprimentos de onda:
as ondas mais longas têm unidades menores; as ondas mais
curtas têm maiores unidades. O quantum de energia da luz
visível é pequeno. Contém uma energia de apenas alguns
elétron-volts: cerca de 10-12 (um milionésimo
de milionésimo) da energia necessária para um toque no
seu dedo de maneira que você mal consiga percebê-la.
Certamente nossas retinas são muito mais sensíveis à luz do que as pontas de nossos dedos ao toque. Apesar disso, seríamos incapazes de ver quanta de luz individuais porque são fracos demais. Se os víssemos, uma fonte de luz bem fraca pareceria uma fonte intermitente, pois veríamos luz apenas quando um quantum chegasse à retina.
Certamente nossas retinas são muito mais sensíveis à luz do que as pontas de nossos dedos ao toque. Apesar disso, seríamos incapazes de ver quanta de luz individuais porque são fracos demais. Se os víssemos, uma fonte de luz bem fraca pareceria uma fonte intermitente, pois veríamos luz apenas quando um quantum chegasse à retina.
Embora a luz seja uma onda
eletromagnética, seu efeito sobre a matéria, sobre
nossos olhos, sobre uma célula fotoelétrica é
quantificado. Ela age como se o feixe de luz consistisse
de pequenos grãos, todos do mesmo tamanho.
Esse fenômeno dá ênfase à dualidade onda-partícula na natureza: os elétrons são partículas que têm propriedades ondulatórias; a luz é uma onda com propriedades de partículas.
Esse fenômeno dá ênfase à dualidade onda-partícula na natureza: os elétrons são partículas que têm propriedades ondulatórias; a luz é uma onda com propriedades de partículas.
Sejamos um pouco mais
quantitativos. O tamanho do quantum de energia da luz
está relacionado com a freqüência da luz pela mesma
fórmula de Planck. A energia E de um quantum é
dada por E = hn,
onde n
é a freqüência da luz e h é a constante de
Planck. Um quantum de luz amarela (n
= 5.1014 vibrações por segundo) tem cerca de
2 elétron-volts de energia.
Apesar de muito pequenos,
esses quanta não são quantidades pequenas de energia em
comparação com as energias dos átomos. São da mesma
ordem de grandeza das energias dos estados quânticos dos
átomos. Por exemplo, o quantum de luz amarela (2
elétron-volts) é exatamente igual à energia necessária
para elevar o átomo de sódio do estado fundamental ao
primeiro estado excitado.
Os Átomos
e os Quanta de Luz
Por mais estranha que seja a
idéia do quantum de luz, ela abre uma nova
perspectiva à questão de
como o átomo emite e absorve a luz, de como a luz é
produzida pelos átomos e de como os átomos são
influenciados pela luz. Combinemos o conceito do quantum
de luz com o conceito dos estados quânticos do átomo.
Vimos que um átomo só pode ser encontrado em certos estados quânticos, com energias definidas, características de cada tipo de átomo. Assim, um átomo só pode ganhar ou perder energia em quantidades que correspondem às diferenças de energia entre seus estados quânticos. Se um átomo absorve ou emite luz, a energia dessa luz deve ser igual a uma dessas diferenças. Portanto, o átomo só pode emitir ou absorver luz cujos quanta tenham a quantidade correta de energia — a saber, uma quantidade igual a uma dessas diferenças.
Vimos que um átomo só pode ser encontrado em certos estados quânticos, com energias definidas, características de cada tipo de átomo. Assim, um átomo só pode ganhar ou perder energia em quantidades que correspondem às diferenças de energia entre seus estados quânticos. Se um átomo absorve ou emite luz, a energia dessa luz deve ser igual a uma dessas diferenças. Portanto, o átomo só pode emitir ou absorver luz cujos quanta tenham a quantidade correta de energia — a saber, uma quantidade igual a uma dessas diferenças.
Essa propriedade explica
imediatamente porque os átomos irradiam e absorvem luz
com certas freqüências típicas. Por exemplo, um átomo em
seu estado fundamental só pode aceitar luz cujo quantum
de energia seja exatamente do tamanho certo para elevar
o átomo até um dos estados quânticos mais elevados. Um
átomo só pode absorver luz cujas freqüências
correspondam a esses quanta.
O mesmo é verdade a respeito da emissão de luz. A luz só pode ser emitida por um átomo quando este se encontra num estado mais elevado do que o fundamental, e o átomo só pode emitir luz cujos quanta correspondam às diferenças de energia entre esse estado e algum estado de mais baixa energia. O átomo só pode emitir ou receber quanta de luz que lhe permitam passar de um estado quântico para outro. Portanto, qualquer luz absorvida ou emitida por um átomo deve ter uma freqüência correspondente à diferença entre dois valores característicos da energia.
O mesmo é verdade a respeito da emissão de luz. A luz só pode ser emitida por um átomo quando este se encontra num estado mais elevado do que o fundamental, e o átomo só pode emitir luz cujos quanta correspondam às diferenças de energia entre esse estado e algum estado de mais baixa energia. O átomo só pode emitir ou receber quanta de luz que lhe permitam passar de um estado quântico para outro. Portanto, qualquer luz absorvida ou emitida por um átomo deve ter uma freqüência correspondente à diferença entre dois valores característicos da energia.
Tomemos o átomo de sódio
como exemplo. No sódio gasoso frio, todos os átomos
estão no estado fundamental
e não há emissão de
radiação. O gás é transparente à luz, exceto para aquela
cujos quanta sejam capazes de levá-lo a um estado mais
elevado (chamamos esses estados de “estados
excitados”). Por exemplo, de acordo com a
ilustração dos espectros, em nossa Parte 1, o primeiro
estado excitado está 2,1 ev acima do estado fundamental;
portanto, a luz cuja freqüência seja
n
= 2,1 eV/h = 5,2.1014
tem exatamente o quantum certo e será absorvida pelo
sódio gasoso.
É um tipo especial de luz amarela. Se transferirmos energia ao sódio gasoso por aquecimento ou por uma descarga elétrica, como se faz nas lâmpadas a vapor de sódio de largo uso, acontecerá que alguns átomos de sódio serão levados a algum estado quântico mais elevado. Esses átomos tornam-se capazes de emitir luz. Os que estiverem no primeiro estado excitado emitirão a mesma luz amarela absorvida pelo gás frio. É a cor que vemos irradiada por aquelas lâmpadas. Quando se eleva a temperatura ou a descarga de energia, criam-se outros estados quânticos mais elevados e luz de outras cores será irradiada.
É um tipo especial de luz amarela. Se transferirmos energia ao sódio gasoso por aquecimento ou por uma descarga elétrica, como se faz nas lâmpadas a vapor de sódio de largo uso, acontecerá que alguns átomos de sódio serão levados a algum estado quântico mais elevado. Esses átomos tornam-se capazes de emitir luz. Os que estiverem no primeiro estado excitado emitirão a mesma luz amarela absorvida pelo gás frio. É a cor que vemos irradiada por aquelas lâmpadas. Quando se eleva a temperatura ou a descarga de energia, criam-se outros estados quânticos mais elevados e luz de outras cores será irradiada.
O mais notável de tudo é a
concordância entre os resultados das experiências de
emissão de luz e os resultados das experiências de
Franck-Hertz. Sem exceção, todas as freqüências emitidas
e absorvidas pelos átomos correspondem a transições
entre estados quânticos.
A
complementaridade entre o modelo corpuscular e o modelo
ondulatório
Agora, voltemos à nossa
questão fundamental: como pode o
elétron ser uma partícula e uma onda ao mesmo tempo?
É difícil formular em termos simples a resposta a tal pergunta. O inesperado caráter duplo da matéria mostrou que nossos conceitos comuns de movimento de partículas não são adequados para a descrição do que se passa no mundo atômico. Afinal de contas, esses conceitos são formados a partir da experiência humana com objetos visíveis maiores do que as partículas atômicas por fatores de vários bilhões. Para compreender o que está se passando na escala atômica, precisamos nos dispor a abandonar maneiras de pensar costumeiras e substituí-las pelos novos conceitos que o estudo da natureza nos impôs.
É difícil formular em termos simples a resposta a tal pergunta. O inesperado caráter duplo da matéria mostrou que nossos conceitos comuns de movimento de partículas não são adequados para a descrição do que se passa no mundo atômico. Afinal de contas, esses conceitos são formados a partir da experiência humana com objetos visíveis maiores do que as partículas atômicas por fatores de vários bilhões. Para compreender o que está se passando na escala atômica, precisamos nos dispor a abandonar maneiras de pensar costumeiras e substituí-las pelos novos conceitos que o estudo da natureza nos impôs.
Uma das características da
física clássica que
precisamos colocar em questão é a “divisibilidade”
desses fenômenos. Isto é, a idéia de que todo processo
físico pode ser considerado como uma sucessão de
processos particulares. De acordo com essa idéia,
teoricamente ao menos, cada processo pode ser seguido
passo a passo no tempo e no espaço. A órbita de um
elétron em torno do núcleo deveria ser pensada como uma
sucessão de pequenos deslocamentos.
Este tipo de descrição é
consistente com o que encontramos dentro dos átomos?
De acordo com nossa antiga
maneira de ver as coisas, o elétron deve ser ou uma
partícula ou uma onda. Não pode ser ambas as coisas ao
mesmo tempo. Afinal de contas, seguindo-se
cuidadosamente o elétron em seu caminho, deve-se poder
decidir em que categoria ele deve ser colocado.
Encontramos, assim, o problema da divisibilidade dos
fenômenos atômicos. Podemos
realmente seguir o elétron em seu caminho?
Há problemas técnicos. Se desejamos “ver" a estrutura detalhada da órbita, precisamos usar ondas de luz de comprimento de onda muito pequeno, pois só podemos ver coisas maiores do que o comprimento de onda da luz com a qual observamos. Entretanto, tal luz tem elevada freqüência e, portanto, um grande quantum de energia.
Na realidade, luz com comprimento de onda tão pequeno quanto uma órbita atômica tem quanta de energia mais do que suficientes para arrancar o elétron do átomo. Quando ela atinge o elétron, arranca-o de sua órbita e destrói o próprio objeto que desejamos examinar.
Há problemas técnicos. Se desejamos “ver" a estrutura detalhada da órbita, precisamos usar ondas de luz de comprimento de onda muito pequeno, pois só podemos ver coisas maiores do que o comprimento de onda da luz com a qual observamos. Entretanto, tal luz tem elevada freqüência e, portanto, um grande quantum de energia.
Na realidade, luz com comprimento de onda tão pequeno quanto uma órbita atômica tem quanta de energia mais do que suficientes para arrancar o elétron do átomo. Quando ela atinge o elétron, arranca-o de sua órbita e destrói o próprio objeto que desejamos examinar.
Essa reação não é peculiar a
experiências em que usamos a luz para seguir a órbita do
elétron. De maneira geral, todas as medidas que poderiam
ser usadas para decidir entre a natureza ondulatória ou
corpuscular do elétron (ou do próton, ou qualquer outra
entidade), tem a mesma propriedade. Se efetuamos essas
medidas, o objeto muda completamente seu estado no
próprio ato da medida e o resultado desta não se aplica
ao estado inicial, mas ao estado no qual o objeto foi
colocado pela medida. Este último estado, entretanto, é
um estado de energia muito alta e que não apresenta mais
nenhuma propriedade ondulatória.
A natureza quântica da luz
ou de qualquer outro meio de observação torna impossível
decidir entre onda e partícula. Não nos permite
subdividir a órbita atômica numa sucessão de movimentos
parciais, sejam eles deslocamentos de partículas ou
oscilações de ondas. Se forçamos uma subdivisão do
processo e tentamos olhar com mais acuidade para a onda
para descobrir onde o elétron “realmente” está, nós o
encontraremos lá como uma partícula real, mas teremos
destruído a sutil individualidade do estado quântico. A
natureza ondulatória terá desaparecido e, com ela, todas
as propriedades características do átomo. Afinal de
contas, foi a natureza ondulatória que deu origem às
propriedades típicas dos estados quânticos — a forma
simples, a regeneração da forma original depois de uma
perturbação, e todas as outras qualidades específicas do
átomo.
A natureza ondulatória do
elétron é advogada com
base na indivisibilidade do
estado quântico. A grande idéia nova da Física quântica
é o reconhecimento do fato de que os estados quânticos
individuais formam um todo indivisível, que existe
apenas enquanto não é atacado por um meio de observação.
No estado quântico, o elétron não é nem uma partícula
nem uma onda no velho sentido. O estado quântico é a
forma que um elétron assume quando entregue a si mesmo
para ajustar-se às condições de baixas energias. Ele
forma uma entidade individual definida, cuja
configuração corresponde a um movimento ondulatório, com
suas propriedades características espalhando-se sobre
uma região finita do espaço. Qualquer tentativa de olhar
para os detalhes de sua estrutura por observação direta
inevitavelmente o destrói, pois os instrumentos de
observação dariam tanta energia ao sistema que a
condição de baixa energia não prevaleceria mais.
Nesse ponto de nossa
discussão, deverá parecer natural que as previsões dos
fenômenos atômicos tenham que permanecer, às vezes, como
afirmações de probabilidades apenas. A previsão do ponto
exato em que o elétron será encontrado depois de ter
sido destruído o estado quântico com luz de alta energia
é um caso desse tipo. Se o estado quântico for examinado
com luz “de ponta de alfinete”, o elétron será
encontrado em algum lugar na região da onda, mas o ponto
exato não pode ser previsto com acuidade. Só podemos
fazer afirmações probabilísticas, como, por exemplo, que
o elétron será encontrado muito provavelmente no local
em que a onda associada ao elétron é mais intensa.
A impossibilidade de medir certas quantidades relativas às partículas atômicas é a base do famoso princípio de incerteza de Heisenberg. Ele afirma, por exemplo, que não se pode determinar com total precisão a velocidade (mais especificamente a quantidade de movimento) e a posição de um elétron.
A impossibilidade de medir certas quantidades relativas às partículas atômicas é a base do famoso princípio de incerteza de Heisenberg. Ele afirma, por exemplo, que não se pode determinar com total precisão a velocidade (mais especificamente a quantidade de movimento) e a posição de um elétron.
Finalizando ...
A mecânica quântica deu-nos
uma resposta inesperada, mas bela, ao grande dilema. Por
um lado, os átomos são as menores partes de matéria; são
considerados indivisíveis e dotados de todas as
propriedades específicas da substância. Por outro lado,
sabe-se que os átomos têm uma estrutura interna; que
consistem de elétrons e núcleos; que os primeiros,
necessariamente, devem efetuar movimentos mecânicos
semelhantes aos dos planetas em volta do Sol e que,
portanto, não podem apresentar as propriedades
necessárias.
A resposta está na
descoberta dos estados quânticos que preenchem até certo
ponto o primeiro requisito. Seu comportamento
ondulatório dota-os das propriedades de identidade,
integridade e especificidade, mas o alcance
desse comportamento é
limitado. Eles só preservam sua identidade e suas
propriedades específicas se forem expostos a
perturbações menores do que um valor limiar
característico. Se forem expostos a perturbações mais
fortes, os átomos perderão suas propriedades quânticas
características e apresentarão o comportamento atípico
que se espera a partir das propriedades mecânicas de sua
estrutura interna.
O estado quântico não pode
ser descrito em termos de um modelo mecânico. É um novo
estado da matéria, diferente de tudo o que
experimentamos com objetos grandes. Ele tem uma maneira
especial de escapar da observação comum pelo fato de que
tal observação necessariamente destrói as condições de
sua existência.
O grande físico dinamarquês, Niels Bohr, que muito contribuiu para o esclarecimento dessas idéias, usa um termo especial para essa situação notável: ele a chama “complementaridade”. As duas descrições do átomo — o estado quântico ondulatório e o modelo planetário — são descrições complementares, ambas igualmente verdadeiras, mas aplicáveis em situações diferentes.
O grande físico dinamarquês, Niels Bohr, que muito contribuiu para o esclarecimento dessas idéias, usa um termo especial para essa situação notável: ele a chama “complementaridade”. As duas descrições do átomo — o estado quântico ondulatório e o modelo planetário — são descrições complementares, ambas igualmente verdadeiras, mas aplicáveis em situações diferentes.
As propriedades quânticas só
se apresentam quando o átomo não é perturbado ou quando
é exposto a perturbações menos energéticas do que o
limiar quântico. Nesse caso, encontramos o átomo com
suas simetrias características e ele comporta-se como
uma entidade indivisível. É esse o caso quando estamos
lidando com matéria em condições normais. Mas, quando
tentamos olhar os detalhes do estado quântico usando
algum instrumento agudo de observação, necessariamente
introduzimos muita energia nos átomos. Nessas condições,
eles se comportam como se estivessem a temperaturas
muito altas, isto é, como um plasma. Observamos, então,
os elétrons como partículas comuns, movendo-se sob a
força atrativa dos núcleos, sem nenhum fenômeno
quântico, e exatamente como esperaríamos se tivéssemos
que lidar com partículas comuns à moda antiga.
Os fenômenos atômicos
apresentam uma realidade muito mais rica do que estamos
acostumados a encontrar na Física clássica macroscópica.
As propriedades ondulatórias dos estados quânticos, a
individualidade desses estados, o fato de que não
podemos descrever completamente o átomo em termos de
coisas familiares, tais como partículas ou ondas
clássicas, são características que não ocorrem com os
objetos de nossa experiência macroscópica. Portanto, a
descrição do átomo não pode ser tão “desligada” dos
processos de observação quanto eram as descrições
clássicas. Só podemos descrever a realidade atômica
dizendo exatamente o que acontece quando observamos um
fenômeno de diferentes maneiras, embora pareça incrível,
para os iniciantes (como eu), que o mesmo elétron possa
comportar-se de maneiras tão diferentes quando observado
nas duas situações complementares.
Essas características, entretanto, não fazem o elétron menos real do que qualquer outra coisa que observemos na natureza. Na verdade, os estados quânticos do elétron são a própria base daquilo que chamamos a realidade que nos cerca.
Essas características, entretanto, não fazem o elétron menos real do que qualquer outra coisa que observemos na natureza. Na verdade, os estados quânticos do elétron são a própria base daquilo que chamamos a realidade que nos cerca.